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Benjamin faz alerta contra a 'compra de leis' no País

Relator relativiza que tema não faz parte do objeto da ação no TSE, mas que é preciso investigar prática

Por Isadora Peron , Anne Warth e Renan Truffi
Atualização:

BRASÍLIA - Em uma crítica ao sistema político eleitoral, o ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse nesta quinta-feira, 8, que o Brasil "sempre inova" no campo da corrupção e hoje já está comprovado que "leis foram compradas" no Congresso por grandes empresários.

O relator Herman Benjamin lê seu voto na sessão de julgamento da chapa Dilma-Temer, no TSE Foto: Dida Sampaio/Estadão

O relator das ações que pedem a cassação da chapa Dilma-Temer afirmou que essa problemática não entra no processo, mas que essa é uma realidade do País. Segundo ele, já não se fala mais do aparelhamento ou captura do Estado pelo poder econômico, mas sim da "compra" de governantes. "Já não se vendia mais apenas o acesso aos gabinetes, mas se entregavam os produtos do trabalho no Executivo e no Legislativo", disse. O relator disse que os recursos ilícitos desviados não são mais usados "apenas" para alimentar as campanhas em ano eleitoral, mas investidos em um projeto de "poder". Presidente do TSE, o ministro Gilmar Mendes concordou com a avaliação do relator, e disse ser "chocante" que o "sistema passe a ter forma de financiamento permanente". Ele voltou a afirmar que, em comparação com o que já foi revelado pela Operação Lava Jato, o escândalo do mensalão "resulta extremamente modesto" e, hoje, "seria julgado como pequenas causas". Para Benjamin, esses sucessivos escândalos de corrupção no País ocorrem porque os poderosos não têm medo de serem punidos. "O que não há nesse País é medo; se houvesse medo, isso não teria acontecido", disse.

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