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'A causa que nos une a todos é a causa da democracia', diz Barroso em meio a ataques de Bolsonaro

Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, que entrou na mira do presidente e das redes bolsonaristas, afirma que 'mundo civilizado' depende de 'respeito e consideração, mesmo na divergência'

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Foto do author Rayssa Motta
Atualização:

Alvo do presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores em meio à escalada de ataques ao sistema eletrônico de votação e de ameaças às eleições, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse nesta quarta-feira, 4, que o debate público democrático depende de 'respeito e consideração'.

"Nós podemos concordar, nós podemos divergir, mas o que caracteriza o mundo civilizado é a capacidade de tratar todas as pessoas com respeito e consideração, mesmo na divergência. A vida democrática é feita, hoje, de um debate público permanente entre pessoas livres e iguais, que se tratam com respeito e consideração", disse.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal. Foto: Carlos Moura/SCO/STF

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A declaração foi dada durante uma reunião com dirigentes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), da Comissão Arns e de outras entidade que compõem o movimento 'Pacto pela Vida e pelo Brasil'. Eles se uniram para entregar uma carta de apoio ao sistema eleitoral e ao ministro.

"A causa que nos une a todos é a causa da democracia", agradeceu Barroso.

O texto classifica os ataques ao sistema eleitoral como parte de um processo de erosão da democracia.

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"Tentativas de ruptura da ordem institucional, hoje tratadas abertamente, buscam colocar em xeque a lisura do processo eleitoral e de algo que nos é sagrado - o voto. Nesse sentido, ameaçar a não realização de eleições em 2022, caso o resultado das urnas possa vir a contrariar os interesses daquele que detém o poder, é ofensa grave que não se pode tolerar. Porque não são os políticos de plantão, nem grupos civis ou militares ligados a eles, que determinarão a integridade do processo eleitoral. Tal missão já está confiada à Constituição, guardiã maior da democracia", diz um trecho da carta.

Leia a íntegra do texto entregue a Barroso:

Exmo. Sr. Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ministro Luís Roberto Barroso,

Como presidentes das entidades abaixo-assinadas, vimos à presença de Vossa Excia. prestar solidariedade a esse Tribunal, levando em conta o delicado momento político do país. Permita-nos relembrar que, em março de 2020, estas seis entidades reagiram publicamente a ameaças feitas pela autoridade máxima da Nação, contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. Naquela oportunidade, o início de uma pandemia de proporções inimagináveis, conclamamos a sociedade brasileira a zelarpelas instituições, "pela obrigação moral de todos em defendê-las e fortalecê-las".

Lamentavelmente, o processo de erosão democrática prossegue, atingindo contornos incompatíveis com o equilíbrio entre os Poderes e a manutenção do clima de paz e concórdia entre os cidadãos. Sr. Ministro, é espantoso como, sob o impacto de mais de 550 mil vidas perdidas na maior crise sanitária já enfrentada pelo país, perca-se tanto tempo e energia em tentar demolir o edifício democrático!

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Tentativas de ruptura da ordem institucional, hoje tratadas abertamente, buscam colocar em xeque a lisura do processo eleitoral e de algo que nos é sagrado - o voto. Nesse sentido, ameaçar a não realização de eleições em 2022, caso o resultado das urnas possa vir a contrariar os interesses daquele que detém o poder, é ofensa grave que não se pode tolerar. Porque não são os políticos de plantão, nem grupos civis ou militares ligados a eles, que determinarão a integridade do processo eleitoral. Tal missão já está confiada à Constituição, guardiã maior da democracia.

Sr. Ministro, reiteramos apoio incondicional ao sistema eletrônico de votação, sob monitoramento e responsabilidade desse Tribunal, e apelamos ao Congresso Nacional para que proteja esta que é, a um só tempo, grande conquista da sociedade e prova da eficiência da Justiça eleitoral brasileira. Investir contra essa realidade, de forma a turvar o processo político, fomentar o caos e estimular ações autoritárias, não é, em definitivo, projeto de interesse do povo brasileiro.

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