O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes voltou a pedir que os brasileiros fiquem em casa, na noite desta terça-feira, 24, pouco mais de uma hora após o pronunciamento em que o presidente Jair Bolsonaro, em rede nacional, criticou o fechamento de escolas e voltou a falar em histeria.
"A pandemia do #covid19 exige solidariedade e co-responsabilidade. A experiência internacional e as orientações da OMS na luta contra o vírus devem ser rigorosamente seguidas por nós. As agruras da crise, por mais árduas que sejam, não sustentam o luxo da insensatez. #FiqueEmCasa"", afirmou Gilmar, em seu Twitter, sem citar nominalmente o presidente.
De acordo com dados oficiais atualizados nesta terça pelo Ministério da Saúde, o Brasil contabiliza 46 mortes e 2.201 casos confirmados, um aumento de 16,4% em um dia. Em meio a esse cenário, o presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento em que novamente afirmou que a imprensa 'espalha a sensação de pavor'. "O que tínhamos que fazer naquele momento (no ínicio das precauções) era o pânico, a histeria e, ao mesmo tempo, traça a estratégia para salvar vidas e evitar o desemprego em massa", afirmou.
Segundo ele, não há motivo para fechar escolas, uma vez que o grupo de risco é composto por, também, pessoas com mais de 60 anos. "São raros os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos", disse.
O discurso foi mal recebido no Legislativo. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou que a fala de Bolsonaro foi grave e cobrou uma liderança "séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população". Governadores também criticaram duramente as palavras de Bolsonaro.
"Pronunciamento de hoje mostra que há poucas esperanças de que Bolsonaro possa exercer com responsabilidade e eficiência a Presidência da República. Os danos são imprevisíveis e gravíssimos", declarou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B).
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, afirmou que o discurso do presidente foi "desconectado das orientações dos cientistas, da realidade do mundo e das ações do ministério da Saúde".