O corregedor-geral da Justiça de São Paulo, desembargador Fernando Antonio Torres Garcia, determinou nesta segunda-feira, 3, o afastamento cautelar do juiz Valmir Maurici Júnior, da 5ª Vara Cível de Guarulhos - acusado de agredir física, sexual e psicologicamente a ex-mulher. O magistrado nega os crimes.
A medida foi ordenada no bojo do procedimento administrativo disciplinar em curso na Corte paulista, antes de o magistrado voltar às atividades jurisdicionais nesta semana – ele estava de licença. A decisão será submetida a referendo do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo na sessão da quarta-feira, 12. Também tramita perante ao colegiado de 25 desembargadores o inquérito contra o juiz.
Valmir Maurici Júnior ainda é alvo de uma reclamação disciplinar sigilosa no Conselho Nacional de Justiça. O órgão analisa indícios de ‘violação do dever de manutenção de uma conduta irrepreensível na vida pública’ e de ‘não observância das regras de dignidade, honra, decoro e integridade’.
O caso veio à tona após a ex-mulher do magistrado conceder entrevista ao portal G1 relatando uma série de violências e abusos. Ela disse que chegou a tentar suicídio e foi internada após receber o diagnóstico de depressão. Também narrou ter sofrido ameaças, dirigidas inclusive aos pais.
A vítima e o juiz se conheceram pelas redes sociais, indicou a mulher. À época, o magistrado era uma pessoa calma e romântica no início do relacionamento, relatou. No entanto, o comportamento teria mudado com o tempo e o temperamento dele teria ficado cada vez mais explosivo. A rotina do casal seria atravessada por xingamentos, agressões físicas e relações sexuais não consentidas.
Ela afirmou que tentou terminar o casamento mais de uma vez, mas o juiz não permitia. A mulher contou ainda que evitava compartilhar as violências com pessoas próximas, como amigos e familiares, por vergonha do julgamento social.
Além da entrevista exclusiva ao portal G1, ela entregou vídeos que comprovam as agressões. As imagens mostram tapas, empurrões, chutes e xingamentos. Uma gravação, aparentemente feita pelo próprio juiz, registra uma relação sexual que, segundo ela, não teve consentimento. O material foi juntado como prova nas investigações.