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Opinião|Da insônia à saúde emocional: entenda as consequências do uso excessivo de telas

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A incidência de insônia e distúrbios do sono em crianças e adolescentes tem aumentado, sendo uma preocupação frequente para profissionais da saúde. Essa tendência pode ser atribuída principalmente às mudanças no ambiente em que esses jovens estão inseridos, especialmente o uso excessivo de dispositivos eletrônicos. A luz intensa desses aparelhos pode reduzir a produção de melatonina, levando a quadros de insônia.

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Quando o sono de uma criança se torna irregular, seja pelo excesso de uso de telas ou pela falta de uma rotina adequada de sono, os distúrbios do sono tornam-se mais evidentes. Isso inclui a insônia e as parassonias associadas ao sono REM e não REM, como a paralisia do sono e o sonambulismo.

Um sono de qualidade é fundamental para o desenvolvimento neurológico infantil. Durante as fases mais profundas do sono, ocorre a produção do hormônio do crescimento. Alterações na produção desse hormônio podem levar a problemas como nanismo e redução do crescimento. Além disso, durante o sono profundo, ocorre a liberação de substâncias importantes, como a leptina, o hormônio da saciedade. Quando o sono é insatisfatório, a produção de leptina diminui, levando a um aumento do apetite e, consequentemente, ao risco de obesidade infantil.

A privação do sono também pode levar a problemas emocionais. Uma criança que dorme menos do que o necessário pode apresentar irritabilidade, prejuízos sociais, baixa autoestima e redução de energia no dia seguinte, afetando seu desempenho cognitivo. Portanto, um sono adequado é crucial para o desenvolvimento cerebral, o aprendizado e a vida social completos da criança. É essencial a adoção de práticas de higiene do sono, como a diminuição da luminosidade, prejudicada pelo brilho dos aparelhos.

Atualmente, o uso excessivo de dispositivos eletrônicos é uma questão de saúde pública, sendo até mesmo referido como “chupeta digital”. Muitos pais perceberam que esses dispositivos, que atraem as crianças pela interatividade e cores vibrantes das telas, podem manter as crianças ocupadas, trazendo uma certa tranquilidade ao ambiente doméstico. No entanto, o uso abusivo desses dispositivos pode limitar significativamente o contexto social das crianças, levando a um aumento na incidência de síndromes associadas ao autismo devido à restrição social intensa.

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A falta de interação social, resultante do tempo excessivo gasto com dispositivos eletrônicos, pode levar a surtos de irritabilidade e ansiedade excessiva nas crianças. Quando esses estímulos constantes não estão disponíveis, a criança pode se tornar irritada. Além dos problemas cognitivos, existem também problemas emocionais e comportamentais associados a essa questão.

O combate ao uso excessivo de mídias sociais e dispositivos eletrônicos deve ser uma responsabilidade compartilhada pelos pais, sociedade, escolas e todos os ambientes em que a criança está inserida. É importante que as crianças entendam o que é um smartphone e como as mídias sociais estão evoluindo, mas o uso excessivo deve ser controlado. Os pais podem limitar o tempo de uso dos smartphones e garantir que esses dispositivos sejam retirados antes de dormir.

Nas escolas, o uso de dispositivos eletrônicos deve ser limitado ao essencial para o aprendizado. A facilidade de acesso às telas pode desviar a atenção dos alunos dos professores e colegas. A escola é um importante campo de aprendizado social, onde as crianças têm suas primeiras interações com outras crianças e aprendem a conviver em sociedade. Portanto, as práticas de uso de dispositivos eletrônicos nas salas de aula devem ser cuidadosamente revisadas, e a interação social direta entre as crianças deve ser incentivada.

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Silvia Rezende
Pedagoga e psicóloga. Coordenadora técnica da Clínica de Psicologia LARES e professora do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
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