Em depoimento à Procuradoria-Geral da República, na Operação Lava Jato, o empresário Ricardo Pernambuco Junior, um dos delatores da Operação Lava Jato, contou à força-tarefa da Operação Lava Jato, que o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reclamou de atraso no pagamento de propina. Pernambuco Júnior apontou pagamento de US$ 4,6 milhões ao deputado entre 2011 e 2014, sob contratos de obras relacionadas ao Porto Maravilha, no Rio.
"Questionado sobre as cobranças feitas por Eduardo Cunha, respondeu que o referido parlamentar, quando havia períodos sem transferências, ligava ou mandava mensagens para o depoente e pedia uma reunião; que nestas reuniões o deputado dizia: "Ricardo, vocês estão atrasados e vocês precisam regularizar os pagamentos". O depoente, então, dizia que ele poderia ficar tranquilo, pois os depósitos iriam ser retomados", afirmou Ricardo Pernambuco Júnior.
Segundo o delator, a propina total era de R$ 52 milhões, que deveriam ser divididos pela Carioca - R$ 13 milhões -, OAS e Odebrecht, sobre contratos do Porto Maravilha, no Rio. O empresário entregou aos investigadores uma tabela que aponta 22 depósitos somando US$ 4.680.297,05 em propinas supostamente pagas pela Carioca a Eduardo Cunha entre 10 de agosto de 2011 e 19 de setembro de 2014.
O maior repasse ocorreu em 26 de agosto de 2013 no valor de US$ 391 mil depositados em conta do peemedebista no banco suíço Julius Baer. Em 2011 foram quatro depósitos, somando US$ 1,12 milhão. Em 2012, Eduardo Cunha recebeu só dessa fonte outros US$ 1,34 milhão divididos em seis depósitos. A tabela revela que em 2013 o deputado - que ainda não exercia a presidência da Casa -, foi contemplado com mais seis depósitos, totalizando US$ 1,409 milhão. Já em 2014, Eduardo Cunha recebeu outros seis depósitos que somaram US$ 804 mil.
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O empresário foi questionado pelos procuradores sobre o motivo pelo qual passou a haver regularidade nas transferências a partir de junho de 2014. Raul Pernambuco Júnior disse que 'pode ter sido uma ordem dada por seu pai ao banco'.
"O depoente acredita, também, que a regularidade possa ter decorrido das cobranças do deputado Eduardo Cunha, pois o depoente e seu pai ficaram um período sem realizar as transferências e, por tal motivo, houve a cobrança ao depoente pelo referido parlamentar", relatou o empresário.
Ricardo Pernambuco Júnior afirmou que 'nunca falou com qualquer intermediário de Eduardo Cunha'. O delator disse, aos procuradores, ao ser questionado se 'o valor solicitado por Eduardo Cunha foi pago integralmente', que acredita que, somadas todas as transferências previstas nas duas tabelas, provavelmente o valor foi praticamente pago na integralidade'.
"Era o próprio depoente quem fazia a contabilidade dos valores pagos a Eduardo Cunha, em um documento que já destruiu; que o pai do depoente, assim que fazia a transferência, repassava esta informação ao depoente, para que fosse contabilizada."
COM A PALAVRA, A ASSESSORIA DE IMPRENSA DE EDUARDO CUNHA
É a quarta vez que sai matéria sobre mesmo assunto. O presidente já repudiou os fatos que não tem prova alguma.
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