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Evolução do open banking no Brasil: o que nos espera além do PIX?

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Por Claudio Elsas
Atualização:
Claudio Elsas. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A pandemia fez com que o distanciamento social fosse adotado e que as pessoas procurassem outras formas de continuar a realizar as muitas atividades do dia a dia; acompanhamos a consolidação de práticas como o home office e o aumento expressivo do consumo pela internet, por exemplo. Na verdade, todos os segmentos da economia passaram por uma aceleração na adoção de processos digitais, e, com as mudanças nos âmbitos social e de negócios, um dos setores mais afetados foi o financeiro, que já apresentava uma evolução digital crescendo a passos largos.

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De acordo com a Febraban, as transações bancárias feitas por pessoas físicas nos canais digitais chegaram a 74% em abril. Além disso, as fintechs e os meios de pagamento eletrônico ganharam grande espaço no mercado nos últimos meses: entre janeiro e junho, muitos projetos de arrecadação de doações para auxiliar no combate à pandemia foram construídos com base em formatos financeiros inovadores, como o pagamento via QR code e transações por meio de carteiras digitais, fazendo com que esses modelos caíssem no gosto do consumidor.

Contudo, apesar dos avanços expressivos, a estrutura bancária brasileira não se encontra totalmente evoluída: temos um cenário no qual poucos bancos ainda detêm grande parte (cerca de 85%) das operações financeiras no País. Essa concentração limita o crescimento de ofertas mais competitivas e tem grande impacto nos custos de crédito e operações financeiras. Oportunamente, no caso do Brasil, a crise acelerou o desenvolvimento da solução!

Com os desafios trazidos pela pandemia, acentuou-se a dificuldade de as instituições oferecerem taxas de juros menores para estimular mais financiamentos, na tentativa de compensar a receita perdida. Somada a isso, a pressão do governo pela diminuição de preços e tarifas, como o estímulo ao microcrédito, fez com que o setor financeiro tradicional buscasse uma saída efetiva para esses desafios, caminhando para mais de perto da chegada do open banking, uma prática que estabelece um conjunto de regras sobre o uso e compartilhamento de informações financeiras entre as organizações para alavancar novas ofertas e oportunidades no mercado.

O modelo vem sendo adotado com sucesso na Europa, principalmente no Reino Unido, e em países em desenvolvimento, como a Índia. No Brasil, o Banco Central prevê sua implementação com o intuito de incentivar a concorrência no setor. Aqui, o primeiro avanço que surgiu em direção a esse formato foi o anúncio do novo modelo nacional de transações financeiras, o PIX, que promete ser uma grande revolução no sistema operacional bancário.

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O open banking é, de fato, um modelo promissor na esfera financeira, mas que ainda esbarra em alguns desafios para ser implementado completamente no País, entre eles, a garantia da proteção dos dados compartilhados, a verificação da identidade dos usuários e a segurança nas transações financeiras. São problemas enfrentados por grande parte dos países, mas que podem ser contornados, se a tecnologia for usada a favor da evolução.

A Índia atravessou uma série de etapas muito interessantes, que acelerou a adoção de serviços financeiros digitais pela população, e seu modelo pode ser tomado como exemplo de sucesso. Para resolver os gargalos relacionados à segurança das informações, o governo liderou a criação do chamado India Stack, que corresponde, essencialmente, à combinação entre projetos para pagamentos digitais e o Aadhaar, sistema de identificação digital dos cidadãos (um grande banco de dados biométricos e residenciais dos indianos).

Trata-se de um projeto pioneiro, no qual a abordagem financeira entre os grandes bancos indianos combina a proteção da privacidade com o histórico financeiro dos consumidores, o que desbloqueia o mercado de crédito para milhões de cidadãos. O sistema é efetivo, pois a unificação da identidade promovida pelo Aadhaar garante a autenticação dos usuários com menos riscos de fraudes.

No Brasil, podemos pensar em um projeto que siga os mesmos passos do modelo indiano, tendo como base as premissas da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) brasileira, que podem evoluir para a criação de um documento de identificação nacional unificado, que favoreça o maior controle do dados. É um caminho a ser considerado.

De todo modo, essa evolução digital do sistema bancário brasileiro é importante, pois trará ganhos para todos os envolvidos. Para o consumidor, esse avanço do open banking tem o intuito de diminuir os custos bancários e a burocracia, uma vez que todas as informações do usuário estarão localizadas em uma única interface de programação de aplicativo (API). Já para o bancos, esse processo proporciona a oferta de serviços e produtos mais personalizados, de acordo com as necessidades individuais dos consumidores.

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Deve-se ressaltar que a integração entre as informações financeiras em um único ambiente vai garantir maior facilidade no compartilhamento de dados entre clientes e instituições, sem restrição a uma única corporação, o que permite a rápida inclusão de milhões de brasileiros e microempresas no sistema financeiro, aumenta o acesso ao crédito e garante mais controle de dados ao consumidor, que pode resolver tudo em um aplicativo unificado, com simplificação do gerenciamento das contas.

Além disso, com a perspectiva de adoção do open banking, a competitividade no mercado se mostra como uma grande oportunidade de parcerias entre os grandes bancos e as fintechs. Muitas delas poderão prestar serviços complementares e mais personalizados, principalmente para os setores corporativo e de investimentos, e em categorias de ativos nos quais o relacionamento e conhecimento especializado do público são necessários.

Por fim, devemos considerar que o open banking aparece como uma forma de garantir a maior inclusão de pessoas no sistema financeiro, proporcionando análise e acesso ao crédito de maneira menos burocrática, mais ágil e consistente. Diante da tamanha desigualdade social enfrentada no Brasil, a tecnologia se apresenta como rompedora de barreiras também no âmbito financeiro.

*Claudio Elsas é country manager da Infosys Brasil

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