"Fiquei chocado, senti náusea", disse o procurador-geral da República Rodrigo Janot, ao ser indagado sobre 'o que sentiu' quando ouviu a gravação da conversa do emnpresário Joesley Batista, da JBS, com o presidente Michel Temer. "Foi a minha reação física isso, um choque, e fiquei assim, enjoado mesmo."
A conversa de Joesley e Temer ocorreu na noite de 7 de março no Palácio do Jaburu, fora da agenda presidencial. Passava das 22 horas quando o acionista da JBS chegou à residência oficial do presidente.
Janot define como 'nada republicana' o diálogo que Joesley gravou e que serve de argumento para a acusação formal levada ao Supremo Tribunal Federal contra Temer por corrupção passiva.
A defesa do presidente fustiga a gravação, atribui a ela ilegalidade.
Em entrevista ao jornalista Roberto D'Avila, da Globo News, Janot disse que as negociações para firmar o acordo de delação de Joesley 'não foram combinadas'.
Segundo o procuradror, Joesley procurou o Ministério Público Federal 'uns 30 dias depois' já com a gravação da conversa com Temer.
"A gravação não foi combinada. Toda colaboração tem que ser espontânea, tem que ser voluntária. Se o Ministério Público provoca qualquer ato de colaboração ele está anulando toda a colaboração. Essas gravações foram feitas uns 30 dias antes de a gente começar a entabular as negociações com essas pessoas (Joesley e outros executivos da JBS). Essa gravação foi feita espontaneamente pela vontade daquele que se tornaria colaborador. O Supremo tem uma vastíssima jurisprudência entendendo que o interlocutor pode gravar a sua conversa e que essa gravação pode servir de proba."
"O delator não combinou nada com o Ministério Público?" "Zero, não combinou absolutamente nada. Ele fez essa gravação para nos convencer de, no futuro, aceitar a colaboração dele", afirma Janot.
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