Por Fausto Macedo, Ricardo Brandt e Julia Affonso
A expressão "siga o dinheiro" (follow the money) ganhou fama após o filme Todos os Homens do Presidente (1976), sobre o escândalo que levou à renúncia do presidente Richard Nixon nos EUA, em 1974, e que ficou conhecido Watergate.
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Diante da complexidade das estruturas de lavagem usadas pelos alvos da Lava Jato, investigadores trocaram o "siga o caminho do dinheiro" pelo "conheça o caminho, os veículos e os transportadores do dinheiro".
"Trata-se agora de monitorar os nós do sistema, localizando, através da análise sistemática dos dados, os corredores de passagem do dinheiro. Não se trata, portanto, de seguir o dinheiro, mas de conhecer os seus caminho, veículos e os seus transportadores".
A frase é de Carlos Fernando dos Santos Lima, o mais antigo da equipe de nove procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal, em Curitiba, e está em um texto escrito por ele três anos atrás. O contexto eram os resultados das investigações do caso Banestado.
Rastreando as contas e empresas offshores usadas por esses operadores de propina é como os investigadores da Lava Jato têm conseguido quebrar a estrutura intermediária da lavagem de dinheiro e, assim, atingir corruptos e corruptores. São firmas de fachada abertas em países como Belize, Panamá, Uruguai, Hong Kong.
A estratégia já produziu os primeiros resultados nos dois núcleos de mando no esquema alvo da Lava Jato: o empresarial e o político. Um ano e meio de apurações em sua fase ostensiva, as primeiras condenações de executivos, agentes públicos e políticos pelo juiz federal Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal, em Curitiba, onde estão os autos da operação com alvos sem foro privilegiado, são um exemplo nesse sentido.