É o que nos lembra o Coldplay, na música "Something just like this", mas eles não cantam -- e nem tampouco estou escrevendo isso -- para que as pessoas sejam super-heróis.
O Superman troca um terno por uma capa, mas não se trata de uma visão "contemporânea" na qual, para ter sucesso , as pessoas precisariam despir o terno. Você se engana se acha que alguém de terno não pode voar.
Podemos voar de terno, de vestido, de jeans, nus, de camiseta, de camisola, e a música nos insinua algo que na verdade sabemos: para voar, precisamos estar leves. E, paradoxalmente, estarmos leves não necessariamente tem a ver com nosso peso. Mas sim com o amor -- às vezes ordenado, às vezes caótico -- que sentimos por voar. E ao voar.
Do ponto de vista empresarial, quando falamos em agilidade, geralmente nos valemos da história de Golias e Davi. Uma gigante é um Golias pesado, uma startup é um Davi veloz, mas na prática, nem sempre funciona assim: assim como, se empurrado pela potência, um Jumbo pode voar mais leve que um monomotor, não podemos correr o risco de não nos impulsionarmos quando estamos cansados.
Coldplay, na música, nos sugere que voar pode ser simplesmente preferir uma realidade imperfeita a uma felicidade de conto de fadas, desde que, nessa imperfeição, tenhamos alguém a quem possamos recorrer, e alguém que possamos beijar.
O Superman voa com um propósito, esta é uma diferença, mas ele voa mesmo veloz quando precisa, como canta Gil, mudar como um deus o curso da história por causa da mulher.
*Cassio Grinberg, sócio da Grinberg Consulting e autor do livro Desaprenda - como se abrir para o novo pode nos levar mais longe