O ex-ministro Antônio Palocci afirmou, nesta quarta-feira, 6, ao juiz federal Sérgio Moro, que participou de uma reunião com o então presidente Lula, a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o então presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, na qual Lula pediu 'contribuição' oriunda de contratos do pré-sal para a campanha de sua sucessora, em 2010, à Presidência da República.
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Palocci foi preso na Operação Omertà, desdobramento da Lava Jato, em setembro de 2016, e foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro a 12 anos e 2 meses de prisão. Ele está tentando fechar acordo de delação premiada com a força-tarefa do Ministério Público Federal.
O ex-ministro resolveu confessar seus crimes em interrogatório no âmbito de processo relacionado à suposta compra, pela Odebrecht, do apartamento vizinho ao de Lula, em São Bernardo do Campo, e do terreno onde seria sediado o Instituto Lula. Segundo o Ministério Público Federal, os imóveis são formas de pagamento de vantagens indevidas ao petista.
O ex-ministro mencionou uma reunião, em 2010, no Palácio da Alvorada, da qual teria participado, ao lado de Dilma Rousseff, Lula, e do então presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli.
O petista diz nunca ter ouvido Lula falar de uma 'maneira tão direta' como naquela reunião:
"Ele disse: 'eu chamei vocês aqui por que o pré-sal é o passaporte do Brasil para o futuro, ele que vai dar combustível para um projeto politico de longo prazo no Brasil, ele vai pagar as contas nacionais, vai ser o grande financiador dos grandes projetos do Brasil, e eu quero que o Gabrieli faça as sondas pensando nesse grande projeto para o Brasil. Mas o Palocci está aqui, Gabrielli, porque ele vai lhe acompanhar nesse projeto, porque ele vai ter total sucesso e para que garanta que uma parcela desses projetos financie a campanha dessa companheira Dilma Rousseff, que eu quero ver presidente do Brasil'", relatou o ex-ministro a Moro.
Palocci ainda disse que Lula 'encomendou' a Gabrielli que, 'através das sondas, pagasse a campanha da presidente Dilma em 2010 pedindo, obviamente, às empresas os valores que seriam destinados à campanha'.
No entanto, apesar da suposta 'encomenda', Palocci frisou que Gabrielli nunca cometeu ilícitos. "Na terceira reunião que eu tive com ele ele deixou claroque não ia viabilizar contribuição de campanha nesse projeto".
O petista ainda contou que as empresas bacionais que se envolveram em projetos de navios-sonda nunca pagaram propinas em esquemas da Petrobrás, porque os contratos 'não davam margem' a estes repasses.
"As estrangeiras pagaram ao Vaccari porque vinham com sua curva de aprendizagem".
COM A PALAVRA, O ADVOGADO CRISTIANO ZANIN MARTINS, QUE DEFENDE LULA
Palocci muda depoimento em busca de delação
O depoimento de Palocci é contraditório com outros depoimentos de testemunhas, réus, delatores da Odebrecht e com as provas apresentadas.
Preso e sob pressão, Palocci negocia com o MP acordo de delação que exige que se justifiquem acusações falsas e sem provas contra Lula.
Como Léo Pinheiro e Delcídio, Palocci repete papel de validar, sem provas, as acusações do MP para obter redução de pena.
Palocci compareceuato pronto para emitir frases e expressões de efeito, como "pacto de sangue", esta última anotada em papéis por ele usados na audiência.
Após cumprirem este papel, delações informais de Delcídio e Léo Pinheiro foram desacreditadas, inclusive pelo MP.
Cristiano Zanin Martins
COM A PALAVRA, DILMA
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da ex-presidente, que ainda não se pronunciou. O espaço está aberto para sua manifestação.