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PGR pede a Toffoli que esclareça caso Odebrecht depois que DRCI de Flávio Dino ‘achou’ cooperação

Procuradoria cobra ministro do STF a informar se sua decisão que anulou provas da leniência da empreiteira prevalece após Departamento de Recuperação de Ativos encontrar documento com pedido de cooperação internacional

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Por Rayssa Motta
Atualização:

A Procuradoria-Geral da República (PGR) entrou nesta sexta-feira, 22, com um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para o ministro Dias Toffoli esclarecer pontos da decisão que anulou provas do acordo de leniência da Odebrecht.

Toffoli atendeu a um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que alegou que o acordo foi negociado com a ajuda de autoridades estrangeiras sem observar critérios de colaboração internacional, e invalidou as provas.

Na mesma decisão que anulou provas do acordo da Odebrecht, Toffoli afirmou que a condenação de Lula na Lava Jato foi um dos ‘maiores erros judiciários da história do País’. Foto: Dida Sampaio

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A decisão teve como fundamento informações prestadas pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça, dirigido pelo ministro Flávio Dino, que inicialmente informou não ter encontrado registros de tratativas para o acordo pelos canais oficiais.

O DRCI, no entanto, corrigiu as informações prestadas ao STF e afirmou, em nova manifestação ao tribunal, que encontrou um pedido da Lava Jato para fazer uma cooperação internacional.

“Em que pese o pedido de cooperação jurídica internacional não tenha sido realizado no bojo da ação informada originariamente, informa-se que foi enviado pedido para obtenção dos sistemas às autoridades suíças em 03/06/2016. Na data de 28/09/2017 foi encaminhado o pendrive contendo as cópias dos referidos sistemas para a PGR, com o envio das senhas de acesso para este órgão em 02/10/2017. Desta forma, considera-se que, a partir desta data (02/10/2017), as provas em comento foram efetivamente transmitidas às autoridades requerentes”, diz o documento do DRCI enviado a Toffoli.

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Flávio Dino é ministro da Justiça e cotado para vaga no STF. Foto: Werther Santana/Estadão

A PGR argumenta que o ministro precisa esclarecer se as novas informações têm potencial para alterar a decisão inicial que invalidou as provas ao acordo.

“A ratio decidendi do ato embargado escora-se em dados prestados aparentemente de modo equivocado pelo DRCI no Ofício nº 41/2023/GAB-DRCI/DRCI/SENAJUS/MJ, de forma que se afigura relevante esclarecer se tais inconsistências prejudicam ou não a manutenção da decisão”, escreveu a vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo.

A vice-procuradora também alfineta o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que entrou com recurso no STF antes mesmo da PGR. “É indene de dúvidas que a legítima representação do Ministério Público, nos autos desta reclamação, incumbe, exclusivamente, à Procuradoria-Geral da República”, afirma Lindôra.

A subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo assina o recurso enviado ao STF. Foto: Gil Ferreira / Agência CNJ

Em entrevista ao Estadão, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mario Luiz Sarrubbo, disse que agiu para tentar preservar acordos fechados com a Odebrecht no Ministério Público do Estado.

“Eu nem teria interesse para recorrer contra o presidente, porque não é atribuição do Ministério Público. Mas, como nós entendemos que a prova é sim válida, nós queremos que a decisão do ministro não tenha os efeitos de atingir tudo o que foi usado através dessas provas, como por exemplo os acordos aqui de São Paulo”, disse.

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Cabe agora ao ministro Dias Toffoli se pronunciar sobre os dois recursos que aportaram em seu gabinete.

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