Por Fausto Macedo, Julia Affonso, Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, e Andreza Matais
O empresário e lobista Adir Assad, preso nesta segunda feira, 16, pela Polícia Federal na Operação 'Que País é esse?', é apontado como o "Marcos Valério do esquema Delta", a empreiteira que se associou ao contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Segundo a PF, Assad agia como operador dos esquemas da Delta para repasse de propinas a políticos, o que lhe valeu a comparação com o operador do mensalão - Marcos Valério foi acusado de fazer repasses de dinheiro ilícito a políticos.

Na Operação Lava Jato, dois delatores - os executivos Júlio Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça - afirmaram terem pago propinas de até R$ 60 milhões ao ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque e ao PT. Eles Indicaram ainda a conta "Marinelo" mantida por Duque no exterior, na qual depositaram US$ 1 milhão. Revelaram, ainda, que o esquema envolvendo a diretoria controlada pelos petistas na estatal petrolífera movimentava dinheiro via empresas de fachada ligadas à construtora Delta e ao lobista Adir Assad.
Assad tem um longo histórico de ligações com empresas de fachada geralmente usadas para financiamento de campanhas com recursos desviados de obras públicas. A empreiteira Delta foi alvo das investigações que resultaram na prisão de Carlinhos Cachoeira.
Agora na mira da Operação 'Que País é esse?', na qual também foi capturado o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque, o lobista Assad aparece como sócio majoritário ou gestor de dezenas de companhias que só existem no papel, segundo os investigadores.
Em setembro de 2013, a PF deflagrou a Operação Saqueador. Na ocasião, a PF informou que a Delta e seu controlador, o empresário Fernando Cavendish, transferiram R$ 300 milhões para 19 empresas de fachada entre 2007 e 2012. O dinheiro era sacado em espécie, nos bancos, por pessoas que tinham procurações das empresas fictícias.
Na Operação Saqueador, 100 policiais federais cumpriram 20 mandados de busca e apreensão no Rio, São Paulo e Goiás.Amparada na quebra do sigilo bancário de cerca de 100 pessoas físicas e jurídicas, autorizada em 2012 pela CPI do Cachoeira, a Polícia Federal constatou que Assad aparece como laranja de quase uma dezena de empresas de fachada, por meio das quais fazia emissão de notas frias de serviços e locação de máquinas e equipamentos para a empreiteira.
O sistema, segundo os federais, permitia que recursos desviados de obras públicas retornassem ao caixa da empreiteira e, depois, eram usados para duas finalidades: corromper servidores para ganhar licitações e financiar campanhas eleitorais por meio de caixa 2.
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