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Uma data para não ser esquecida

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Por Jorge Ithallo dos Santos
Atualização:
Jorge Ithallo dos Santos. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

O dia 4 de junho de 2022, para nós brasileiros é só mais um dia como outro qualquer, porém para o país mais populoso do mundo, não. Há exatos 33 anos, o governo comunista chinês cometia um massacre na Praça da Paz Celestial - no coração de Pequim - e que por ironia do destino tem esse nome, mas o local foi o palco do conhecido massacre Tiananmen.

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O massacre ocorreu em meio a manifestações pacíficas que começaram, em 15 de abril de 1989, e exigiam reformas democráticas do governo. O movimento era liderado por jovens estudantes e intelectuais que estavam insatisfeitos com o desemprego, inflação, corrupção e a demasiada repressão das autoridades chinesas com a população.

Na noite de 3 de junho, os tanques seguiram para o centro de Pequim e foi quando iniciou o ápice da brutal força usada contra civis. No dia seguinte o fotógrafo, Jeff Widener, da Associated Press, fotografou a imagem do jovem que tentou parar sozinho os tanques de guerra enfileirados. Essa foto ganhou o mundo e se tornou símbolo do massacre. A comunidade internacional condenou amplamente a chacina.

O número, de fato, de mortos e feridos nunca saberemos. O governo chinês diz que não chegou a 300 mortos, o jornal The New York Times fala entre 400 e 800 mortos e a Cruz Vermelha da China relata quase 10 mil, a mesma fala que os feridos citam, algo entre 7 e 10 mil mortos. Após esse trágico acontecimento, o governo expulsou a imprensa estrangeira do país e reprimiu ainda mais o povo chinês.

Mas, passados 33 anos, ainda assistimos a repressões por parte do governo chinês. A forma como o Partido Comunista Chinês lidou com a população do país, na pandemia, foi duramente criticada, principalmente, pelo recente lockdown em Xangai e Pequim. Sem contar as repressões em Hong Kong e as perseguições contra a minoria étnica muçulmana, os Uigures.

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A visita da alta comissária de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, em maio de 2022, à China foi duramente criticada por organismos internacionais de direitos humanos. Durante o período em que Michelle Bachelet estava no país, documentos e fotos vazados, por um hacker, foram divulgados. Dentre as imagens, fotos de milhares de uigures, de crianças a idosos que foram mandados para os campos de "reeducação". A comunidade internacional classifica como campos de concentração modernos.

A visita foi tida como uma grande oportunidade jogada fora, por parte da alta comissária da ONU, de trazer luz ao assunto e para a comunidade internacional impor sanções à China por violações de direitos humanos.

Desde 2019, nosso movimento Democracia Sem Fronteiras tenta com diversas ações e protestos chamar a atenção do Brasil e do mundo sobre as violações de direitos humanos, liberdades religiosas e de imprensa na China. Não podemos assistir esses atos de violações sem fazermos nada. Trata-se da 2a maior economia do mundo, que em questão de alguns anos pode tornar-se a 1a, e já é a maior em termos populacionais.

Nesse dia 4 de junho, haverá manifestações em diversos locais da Europa e nos Estados Unidos. Em Brasília, o movimento DSF realizará homenagem às vítimas do massacre e aos chineses, que, mesmo passados 33 anos, continuam sofrendo repressões e violações de direitos humanos no país.

*Jorge Ithallo dos Santos, presidente do Democracia Sem Fronteitas

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