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Bolsonaro ataca Lula e volta a defender excludente de ilicitude para policiais

Em comício em Belo Horizonte, candidato à reeleição diz ter orgulho por não haver um ‘comunista’ sentado na cadeira da Presidência

Por Iander Porcella/Enviado Especial
Atualização:

BELO HORIZONTE - Em seu primeiro comício da campanha eleitoral em Belo Horizonte (MG), nesta quarta-feira, 24, o presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto e visitou a cidade seis dias atrás. Em discurso na Praça da Liberdade, o candidato à reeleição disse ter orgulho por não haver um “comunista” sentado na cadeira da Presidência. Bolsonaro também repetiu a promessa de aprovar no Congresso o excludente de ilicitude para policiais militares se ganhar um segundo mandato.

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“Dizer a vocês que ser presidente é difícil, mas o grande orgulho que tenho é saber que naquela cadeira em Brasília não tem um comunista sentado nela. Lá tem bandeira verde e amarela. Lá não tem foice e martelo (símbolo do comunismo). Lá tem liberdade, com respeito ao seu povo, com defesa da família brasileira”, declarou Bolsonaro, cercado de apoiadores e de políticos aliados, como o senador Carlos Viana (PL), candidato ao governo de Minas Gerais.

Num trio elétrico, o presidente manteve a estratégia adotada recentemente de citar países governados pela esquerda onde há crises econômicas ou ditaduras. Para atacar Lula, recorreu à Nicarágua de Daniel Ortega. “Um país onde não se tem mais liberdade, um país onde se fecham emissoras de rádio de católicos. Um país onde se prendem padres. Esse é o país que Lula da Silva defende lá fora”, afirmou o candidato à reeleição.

Presidente Jair Bolsonaro é escoltado por seguranças em comício na Praça da Liberdade em Belo Horizonte  Foto: Douglas Magno/AFP

Durante seu discurso, Bolsonaro exaltou a queda do desemprego e o aumento do Auxílio Brasil, de R$ 400 a R$ 600, outro conselho do comitê de campanha seguido à risca. O chefe do Executivo também recorreu ao discurso religioso, como tem feito de forma constante para manter sua base conservadora e evangélica unida em torno da reeleição.

“Agradeço a Deus pela minha segunda vida dada aqui em Minas Gerais. Também agradeço a ele a missão de conduzir o destino dessa nação. E tenho certeza, se essa for a vontade dele, continuaremos lá por mais quatro anos”, disse, em referência à facada sofrida na campanha de 2018, em Juiz de Fora (MG). “Hoje temos um governo diferente daqueles que assaltaram a nossa pátria ao longo de décadas”, emendou Bolsonaro, em mais uma crítica ao PT.

Excludente de ilicitude

Ainda no comício, Bolsonaro renovou a promessa de aprovar no Congresso o excludente de ilicitude para policiais militares se ganhar um segundo mandato, além de defender o armamento da população.

“Dizer a vocês policiais militares que tem aqui, hoje nós temos um governo que também acredita e valoriza vocês. Um governo, se Deus quiser, com um novo Parlamento, vai conseguir o excludente de ilicitude para que vocês bem possam trabalhar”, declarou o presidente.

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Para críticos, o excludente de ilicitude é uma espécie de “carta branca” para profissionais de segurança matarem em serviço. Em seu primeiro mandato, Bolsonaro não conseguiu passar a medida no Congresso.

O chefe do Executivo também disse que colocou um “ponto final” nas ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Ao defender o armamento, o candidato à reeleição afirmou que “pacificou o campo”. “As ditaduras são precedidas por movimentos desarmamentistas. Eu, o meu governo é diferente. Nós não temos medo de armar o cidadão de bem, porque, mais do que a segurança de cada um de vocês, é a garantia que ninguém escravizará o nosso povo”, declarou Bolsonaro.

Colégios eleitorais

O presidente chegou no começo da tarde em BH. Na região metropolitana, foi a encontros com prefeitos e lideranças religiosas. Depois, participou de uma motociata que saiu da Praça da Pampulha em direção ao local do comício, a Praça da Liberdade. A equipe do candidato à reeleição vê um “momento-chave” na disputa pelo Palácio do Planalto.

Com a ampla vantagem de Lula no Nordeste, a estratégia do comitê de Bolsonaro é crescer no Sudeste, onde estão os três maiores colégios eleitorais do País: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Minas carrega um componente político e, de certa forma, místico adicional: todos os presidentes eleitos desde a redemocratização venceram em solo mineiro. Hoje, Lula lidera no Estado. Na semana passada, o petista também fez um comício em BH, na Praça da Estação.

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