BRASÍLIA - Apesar de ter orientado quartéis a celebrarem o aniversário de 55 anos do golpe militar, o presidente Jair Bolsonaro não estará no Brasil no dia 31 de março. Bolsonaro viajará a Israel no próximo sábado, 30, onde permanecerá até 3 de abril.
O estímulo de Bolsonaro à celebração do golpe de 1964 foi revelado pelo Estado. Ontem, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, confirmou a determinação do presidente ao Ministério da Defesa para que sejam feitas as "comemorações devidas". Segundo Rêgo Barros, não haverá eventos no Planalto na ocasião.
De acordo com o porta-voz, o presidente não considera que houve um golpe, e sim que a sociedade civil e os militares se uniram para "recuperar e recolocar o nosso País no rumo". "Salvo melhor juízo, se isso não tivesse ocorrido, hoje nós estaríamos tendo algum tipo de governo aqui que não seria bom para ninguém", afirmou Rêgo Barros.
O palácio pretende unificar as ordens do dia, textos preparados e lidos separadamente pelos comandantes militares. Já há um esboço do conteúdo, que deve ser encaminhado na quinta ou sexta-feira aos quartéis, segundo fontes. O conteúdo é elaborado em conjunto pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo, e os comandantes das Forças Armadas.
Como mostrou o Estado, o texto único deve ressaltar as "lições aprendidas" no período, mas sem qualquer autocrítica aos militares. O período ficou marcado pela morte e tortura de dezenas de militantes políticos que se opuseram ao regime. O texto também deve destacar o papel das Forças Armadas no contexto atual, considerando o protagonismo de militares como principais pilares de sustentação do governo Bolsonaro.
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