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Chuvas em SP: Boulos aciona PF e MPF contra ex-membros do governo Bolsonaro

Deputado pede que Fabio Wajngarten e Pedro Guimarães sejam investigados por crime de advocacia administrativa no caso da construção de habitações populares no litoral norte de São Paulo

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Foto do author Natália Santos

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) entrou na terça-feira, 28, com uma representação no Ministério Público Federal e uma denúncia na Polícia Federal para solicitar a abertura de inquérito contra dois membros do governo Jair Bolsonaro (PL): o ex-chefe da Comunicação Fabio Wajngarten e o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Pedro Guimarães.

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O parlamentar alega que Wajngarten e Guimarães cometeram crime de advocacia administrativa - patrocinar o interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de servidor. A acusação cita uma possível interferência do ex-chefe da Comunicação na construção de moradias populares no município de São Sebastião, uma das cidades alvo de fortes temporais no litoral norte de São Paulo no carnaval.

A representação cita reportagem do jornal O Globo publicada no último sábado, 25, em que Wajngarten aparece em vídeo da associação de moradores de Maresias - uma das praias de São Sebastião - e promete interferir em construção de casas populares na região.

“Enquanto eu estiver em Brasília, usem a minha posição lá. Utilizem os meus contatos. Essa história da habitação, das casas, o Eliseu me endereçou há uma semana, perto do réveillon. Eu liguei para o presidente da Caixa Econômica para saber se era verdade que o governo federal estava envolvido nisso. O presidente da Caixa não estava nem sabendo disso. Estou à disposição de vocês”, disse Wajngarten no vídeo.

Vila Sahy, em São Sebastião, foi o epicentro da tragédia no litoral norte, com mais de 60 mortes no local Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

Em 2020, sob o governo Bolsonaro, a Caixa Econômica Federal negou financiamento para a construção de 400 unidades habitacionais em São Sebastião. Na época, o banco público alegou não haver “disponibilidade orçamentária e nem diretrizes do Ministério do Desenvolvimento Regional” para a realização de empreendimentos do Minha Casa Minha Vida na Faixa 1, como havia sido solicitado o ofício enviado pela prefeitura.

Como mostrou o Estadão, apesar da justificativa orçamentária, o prefeito Felipe Augusto (PSDB) afirmou que a negativa ocorreu cinco dias após Wajngarten dizer na reunião com os moradores de Maresias que havia telefonado ao então presidente do banco, Pedro Guimarães.

Boulos alega ainda que o resultado do desastre das chuvas poderia ter sido diferente caso as residências tivessem saído do papel. “Nós já sabemos que o bolsonarismo se apropria do que é público em causa própria. O que nós não sabíamos é que essa postura criminosa contribuiu inclusive para a morte de dezenas de pessoas e milhares de desabrigados no litoral norte”, disse. “Infelizmente, não podemos recuperar as vidas perdidas nesta tragédia, mas podemos - e temos a obrigação moral - de apontar os responsáveis pelo descaso.”

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Nas redes sociais, Wajngarten afirmou que sua presença na reunião com os moradores de Maresias foi para tratar de temas sociais como hospital, casas populares, saneamento básico e transparência. “Não tem nada de Ricos x Pobres”, disse.

Em nota enviado ao Estadão, Wajngarten diz que “a representação do deputado federal Boulos junto ao MPF bem como a sua denúncia na Polícia Federal tem o claro objetivo de atacar seus opositores políticos já que carece de fundamento legal e de qualquer relação com a verdade dos fatos.”

Wajngarten diz que sua convivência na comunidade de São Sebastião começou há seis anos, quando adquiriu uma casa em Maresias, e que sempre participou de ações comunitárias. “Em nenhum momento nem eu e nem a associação fomos contrários à obra prevista pela prefeitura. Ouvi as demandas da população, reiterando que a demanda do bairro sempre foi a de saneamento básico, até hoje inexistente”, diz.

“Infelizmente, ao custo de muitas vidas, a avaliação técnica e as preocupações levantadas à época se confirmaram. Graças a Deus que as casas não foram construídas nessa área porque o local ficou completamente embaixo da água e muitas outras mortes poderiam ter ocorrido”, declarou Wajngarten.

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