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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório

Ala do PT defende criação de mais dois ministérios para abrigar Centrão

Saída sofre resistências no entorno do presidente Lula e incharia ainda mais a Esplanada, que hoje tem 37 pastas

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Por Eduardo Gayer

O desafio imposto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva de abrigar o Centrão no governo sem “ferir de morte” seus aliados de primeira hora tem somente uma solução heterodoxa na ala mais à esquerda do PT. Lideranças ouvidas pela Coluna sob reserva passaram a defender a criação de mais dois ministérios para resolver o impasse com os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) - que já foram anunciados ministros, mas ainda não têm pasta definida.

O presidente Lula, pressionado a deflagrar uma reforma ministerial em menos de seis meses de governo.  Foto: Wilton Junior

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Um petista do Congresso afirma que o desgaste de engordar uma Esplanada já inchada com 37 ministérios é administrável, se comparável ao ganho político de ver o painel de votações no Congresso crescer sem dores de cabeça. A fórmula, argumenta a fonte, poderia integrar PP e Republicanos ao governo sem “cortar na carne”. Ou seja, sem tirar ministérios do PT e do PSB, o que hoje é o cenário mais provável.

Nesse desenho empunhado por uma ala do PT, o ministério dos Portos e Aeroportos seria divido em dois, e o ministério da Pequena e Média empresa seria recriado. O ministro Márcio França (PSB) passaria a cuidar só de Portos, e Fufuca seria contemplado com Aeroportos. Já “Silvinho” herdaria a pasta econômica que hoje é apenas uma secretaria do Ministério do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços, o MDIC, comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.

Como revelou a Coluna, Silvio Costa Filho tem boa relação com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e teve um almoço secreto com ele para tratar da reforma ministerial.

A cúpula do PSB, porém, torce o nariz para essa saída, e argumenta que deu na mesma: duas pastas do partido - que apoiou Lula nas eleições e tem o vice-presidente - seriam desidratadas para dar espaço a legendas que estiveram com Jair Bolsonaro no processo eleitoral.

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O Centrão tampouco gosta da estratégia, e mantém a demanda por ministérios mais visados como Desenvolvimento Social, hoje com o petista Wellington Dias, e Esportes, nas mãos da ex-atleta Ana Moser.

Nada impediria, porém, de ministros serem realocados, diz uma segunda liderança do PT no Congresso. A diferença é que, nessa fórmula, haveria cadeira para todos.

Ministério da Pequena e Média Empresa é ideia antiga de Lula

Na campanha presidencial, o próprio Lula defendeu a recriação da pasta da Pequena e Média Empresa. “Nós vamos recriar alguns ministérios. Eu não sei se está funcionando o Ministério da Pequena e Médio Empresa. Isso vai ter que funcionar. Eu já disse que vou criar o Ministério dos Povos Originários. Mas para que o índio seja ministro, para que o indígena ou uma mulher possa ser ministra”, disse o então candidato em um evento com empresários em 18 de agosto de 2022.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães, evita dizer se apoia ou não a criação desse ministério. Mas entende que o segmento precisa de mais apoio do Estado. “É preciso ter uma política para a área de empreendedorismo. A economia mudou com as novas relações de trabalho”, afirmou à Coluna.

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