A Fundação Perseu Abramo, braço teórico do PT, lançará nos próximos dias uma websérie, em sete capítulos de cinco minutos, sobre a ditadura militar. Sem nome definido, a produção audiovisual integra a rodada de materiais e debates promovidos pela entidade para marcar os 60 anos do golpe de 1964, completados no último 31 de março, apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter vetado manifestações dentro do governo para evitar estremecimentos na relação com os militares.
Presidida por um amigo pessoal de Lula, Paulo Okamotto, a Fundação Perseu Abramo prepara o material desde janeiro, antes mesmo de Lula decidir pelo pacto de silêncio sobre os 60 anos do golpe. Com Lula orientado a evitar polêmicas para estancar a queda da popularidade, a tendência é que, cada vez mais, o PT assuma a função de vocalizar aquilo que o presidente quer dizer, mas prefere silenciar em nome da governabilidade. A memória do golpe militar é um exemplo, assim como críticas diretas ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), hoje a cargo da presidente da sigla, Gleisi Hoffmann.
Os episódios da websérie estão divididos em sete subtemas: economia, direitos, cultura, imprensa, ciência, periferias e segurança pública. A proposta é desmistificar qualquer suposto avanço ocorrido durante o regime.
Foram entrevistados para a websérie, por exemplo, o ex-ouvidor da polícia paulista Benedito Mariano. O ex-ministro da Cultura Juca Ferreira; e o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh.
Além da produção audiovisual, a Perseu Abramo lançará nos próximos dias uma edição especial da revista Teoria e Debate, escrita por petistas como Okamotto, José Dirceu, Marilena Chauí, Frei Chico, Tarso Genro e Rui Falcão.