Atualizado às 7h50
BOLONHA - Começou na manhã desta terça-feira, 28, o julgamento do pedido de extradição do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado no caso do mensalão e atualmente preso em Modena. A Corte de Apelação de Bolonha examina desde as 7 horas, do horário de Brasília, (10 horas na Europa) o pedido feito pelo governo brasileiro. Num salão marcado pela frase "A lei é igual para todos" e em um púlpito por onde já passaram assassinos e corruptos, o brasileiro tentará evitar sua extradição, argumentando as condições das prisões nacionais.
Pizzolato chegou pouco antes do início da sessão ao Tribunal, em um camburão fechado. A presença da imprensa na corte foi negada.
Se a opção do Tribunal for a de rejeitar a extradição, o Brasil já indicou que vai recorrer da decisão, o que significa que o caso se arrastará por 2015, em uma Corte em Roma.
O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão por envolvimento no mensalão. Ele fugiu para a Itália ainda no segundo semestre de 2013 com um passaporte falso de um irmão morto há mais de 30 anos. Em fevereiro deste ano, ele acabou sendo descoberto na casa de um sobrinho na cidade de Maranello, no norte da Itália, e levado para a prisão de Módena.
Com dupla cidadania, a esperança de Pizzolato era a de garantir sua permanência no país europeu. O Estado revelou com exclusividade, porém, que o Ministério Público da Itália deu um parecer favorável à extradição do brasileiro em abril deste ano, apesar de sua dupla cidadania.
O chefe de gabinete do Ministério Público Federal brasileiro, Eduardo Pelella, prefere não se antecipar ao resultado. "Fizemos o nosso trabalho e agora é aguardar uma decisão da Justiça italiana. Não há como saber qual será essa decisão, mas o que é certo é que em caso de uma decisão não favorável podemos ainda recorrer."
Para tentar frear sua extradição, a defesa de Pizzolato alegará que ele teme ser assassinado se voltar ao Brasil e que sofre de graves problemas "psiquiátricos". Documentos obtidos com exclusividade pelo Estado apontam que , para os advogados do condenado, uma eventual extradição do brasileiro às prisões nacionais significaria que seu tratamento"anti-depressivo" não poderia ser realizado.
A defesa de Pizzolato ainda enviou aos juízes documentos da ONU condenando a situação das prisões no Brasil.
Nos documentos enviados para a Corte de Apelação de Bolonha, os advogados de Pizzolato ainda insistiram que o julgamento do caso do mensalão não respeitou um dos princípios da defesa, que é justamente o fato de ser julgado em mais de uma instância.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.