No painel sobre governança ambiental na Amazônia, realizado nesta sexta-feira, 19, no Brazil Forum UK, o cientista e ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2007 Carlos Nobre disse que se o desmatamento continuar nos ritmos de hoje, o mundo terá que conviver com uma pandemia como a da covid-19 a cada dois meses.
“Se nós continuarmos a perturbar os ecossistemas naturais de todo o mundo, especialmente os tropicais, vamos gerar uma pandemia a cada dois meses”, afirmou o cientista. Segundo ele, pesquisas de opinião dos últimos 25 anos mostram que mais de 90% dos brasileiros são contra o desmatamento da Amazônia. Logo, diz Nobre, as taxas de desmate crescentes são “prova concreta de que o que ocorre de fato na Amazônia não tem nenhuma relação com a vontade do povo brasileiro”.
Além do cientista, também participaram do debate o governador do Pará Helder Barbalho (MDB), Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental, e Simone Karipuna, uma das coordenadoras da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e norte do Pará (APOIANP). A moderação foi feita por Julia Bussab, mestranda em Meio Ambiente e Desenvolvimento na London School of Economics.
Simone criticou a atuação do governo brasileiro na proteção dos povos indígenas. “Nós (indígenas) somos capazes de fazer a governança ambiental do nosso território. O que a gente percebe é que não há interesse por parte do governo brasileiro em querer justamente fazer essa coisa compartilhada com os povos indígenas”, disse.
Na mesma linha, Adriana defendeu a participação social na estruturação de políticas sobre o tema, e apontou que o acesso à informação ambiental é fundamental para a tomada de decisões conjuntas.
Na próxima segunda-feira, o painel Ciência em Crise propõe ampliar o debate sobre o papel da ciência no desenvolvimento do País, a aproximação da academia e da sociedade e o futuro da produção científica brasileira. O Brazil Forum UK é organizado por estudantes brasileiros em Londres e tem transmissão do Estadão.
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