Há menos de um mês, pesquisas mostravam o potencial eleitoral de Ciro Gomes (PDT) nas eleições 2018. Com cerca de 13% das intenções de voto, ele parecia ter uma avenida (de crescimento) ao seu dispor. Nesse contexto, amenizou o próprio discurso, flertou com o chamado Centrão e com a hipótese de uma candidatura de conciliação.
Não funcionou. DEM, PR, PRB, PP e Solidariedade se aconchegaram no ninho tucano e limitaram o raio de ação do ex-governador. Ciro precisou ajustar, novamente, o discurso e priorizar o PSB e a esquerda (acenando também com a possibilidade de Manuela D’Ávila ser a vice em sua chapa).
Também não funcionou. O PT, partido hegemônico no campo da esquerda, não quis (não quer) abrir mão do próprio protagonismo. Com a força de Lula no Nordeste, tratou de “escantear” o candidato que, até “ontem” , dizia ser o único capaz de tirar Lula da cadeia caso fosse eleito.
Entre o ex-presidente e Ciro Gomes, o PSB fez a sua escolha. O partido preferiu a garantia de contar com o poder do lulismo em Pernambuco (Estado em que o PSB mantém o seu maior diretório) e em outros Estados do Nordeste. Em contrapartida, o PT aceitou de bom grado a retirada da candidatura da vereadora Marília Arraes ao governo de Pernambuco em prol da reeleição do governador Paulo Câmara (PSB). Com isso, garantiu a neutralidade da sigla - que não vai cerrar fileiras com Ciro. Marília ainda resite, mas o PT promete enquadrá-la, como já fez no passado em outras eleições e com outros "rebeldes".
A próxima meta petista deve ser fechar acordo com o PCdoB mais adiante - diminuindo ainda mais a influência de Ciro. O candidato pedetista se encontra sem companhias à direita ou à esquerda. Vai sozinho, e com pouco de TV, para uma eleição. Vai ser o candidato do eu sozinho. Quase um Bolsonaro.