PUBLICIDADE

Análise: Doria ocupa cena em vários momentos do debate ao governo de SP

Ex-prefeito da capital apela para o antipetismo, mas o clima não é mesmo de dois anos atrás

PUBLICIDADE

Por Carlos Melo
Atualização:

O debate vale pelas disputas reais, não pelo formalismo da presença de todos. Importam a estratégia e a sutileza dos conflitos entre os grandes. O embate principal se dá entre João Doria e Paulo Skaf, líderes nas pesquisas. Skaf é pedra no caminho de Doria: no mesmo campo político, retira-lhe votos e desfaz o sonho tucano de vitória no primeiro turno. No segundo turno, João Doria terá todos contra ele.

Assim, para o bem e para o mal, o ex-prefeito ocupou a cena em vários episódios. E se, de saída, escamoteou interesses dirigindo pergunta ao novato Marcelo Cândido, no segundo momento tornou o conflito inevitável. Questionado sobre sua fidelidade a Geraldo Alckmin, Doria preferiu avançar sobre Skaf e sua relação com o desgastado Michel Temer, retomando a crítica de sua campanha nas inserções de TV. Foi uma estocada que Skaf não soube revidar.

João Doria, candidato do PSDB ao governo de São Paulo Foto: Gabriela Biló/Estadão

PUBLICIDADE

Já quando lhe coube, Márcio França tirou Doria para dançar, revelando as fragilidades do tucano no campo de questões que deveriam ser naturais ao gestor. “Qual o número, João?”. Desconhecer valores de memória não é pecado, mas Doria revelou insegurança incomum para o perfil que insiste sustentar – ao mesmo tempo, atualizar-se no intervalo é passar duplo recibo. O fato é que a “pegadinha” confrontou o gestor com seu próprio discurso.

Quando pôde, Doria apelou para o antipetismo, zona de conforto que lhe garantiu a eleição em 2016. Faz sentido, mas a fila anda e, mesmo sendo São Paulo o reduto da rejeição ao PT, o clima não é o mesmo de dois anos atrás. Inadvertidamente, o tucano levantou a bola para Luiz Marinho explorar temas que interessam ao “time do Lula”: o confronto com as vicissitudes nacionais de PSDB e MDB.

* CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR DO INSPER

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.