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Dilma diz que País não quer mais os 'fantasmas do passado de volta'

Candidata à reeleição disse que os tucanos governaram para apenas um terço da população e quebraram o País três vezes

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Por Redação
Atualização:

Em pronunciamento com fortes críticas ao PSDB, a presidente Dilma Rousseff atacou ontem os “fantasmas do passado” e disse que os tucanos, quando no comando do País, viraram as costas para o povo, promovendo arrocho, recessão e desemprego e quebrando o País três vezes. Candidata do PT à reeleição, Dilma acenou para o mercado financeiro, com promessas de mudanças na economia em eventual segundo mandato e de um controle maior da inflação, mirando o adversário Aécio Neves (PSDB), com quem disputará o 2.º turno. 

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“O povo dirá que não quer os fantasmas do passado, como recessão, arrocho, desemprego. Teremos disputa com o PSDB, que governou para um terço da população, abandonando quem precisa”, afirmou a presidente, dando o tom do que será a narrativa petista no segundo turno. “Não queremos de volta os que trouxeram o racionamento de energia, que tentaram incluir no processo de privatização a Petrobrás, as empresas do setor elétrico, como Furnas, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica”, afirmou Dilma, interrompida por aplausos de militantes do PT. 

‘Ideias novas’. Ao prometer ideias novas para a economia, “controlando ainda mais a inflação”, Dilma destacou que não promoverá os “ajustes e medidas impopulares” dos governos do PSDB. 

Sem citar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que em 1998 chamou de “vagabundo” quem se aposentava antes dos 50 anos de idade, a candidata do PT voltou a carga contra os tucanos. “O povo brasileiro não quer de volta os que chamaram os aposentados de vagabundos. Agora, dizem que tem fórmulas mágicas para a Previdência”, criticou. 

Apoio. Surpreso com o tamanho do crescimento de Aécio Neves na reta final do 1.º turno, o comando da campanha de Dilma Rousseff vai tentar agora construir “pontes” com o PSB, para obter apoio de Marina Silva, terceira colocada na disputa presidencial. Os petistas vão atuar em duas frentes: enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi escalado para procurar a família do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos – morto em um desastre aéreo no dia 13 de agosto –, a cúpula da campanha vai investir na articulação com o seu maior aliado na legenda, o presidente do PSB, Roberto Amaral. 

Recado. “Eu entendi claramente o recado das ruas e urnas. O principal recado que recebi, que me orgulha, é que o povo anseia por mais avanços”, disse Dilma ontem, em seu pronunciamento em um hotel da capital federal. “E farei todas as mudanças necessárias para que a vida de cada brasileiro melhore cada vez mais. Convido partidos, lideranças, mulheres, jovens, todos os brasileiros e as brasileiras a estarem conosco, esses que historicamente sempre estiveram conosco.” A presidente foi recebida aos gritos de “1, 2,3, é Dilma outra vez” e “É Dilma de novo, com a força do povo”.

Quinze ministros estavam na plateia durante o pronunciamento, entre eles o de Minas e Energia, Edison Lobão, que foi citado no depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, como beneficiário de esquema de corrupção na estatal. 

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Dilma garantiu que promoverá um combate “sem tréguas, duro, duríssimo” à corrupção e afirmou estar segura de que o País precisa de uma reforma política, reiterando que pretende trabalhar por um plebiscito. 

Ao final, a candidata falou em união e conclamou todos que quiserem “trabalhar por um Brasil melhor”. “A luta continua”, exaltou, afirmando: “Juntos vamos fazer uma caminhada cada vez mais forte, mais convicta pelo bem do Brasil”. 

Estratégia. A cúpula do PT em São Paulo já prepara a estratégia da presidente para o maior colégio eleitoral do Brasil no 2.º turno. O PT só vai definir a tática regional depois de todos os resultados estaduais, mas é unânime a opinião de que é necessário repetir na segunda etapa a tática adotada na reta final do 1.º turno – a de centrar o foco da campanha na Região Sudeste, onde está concentrada a maioria do eleitorado.

“Vamos precisar muito do eleitorado da Marina e vamos também trabalhar forte em São Paulo para reverter o quadro lá”, disse o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, numa referência à votação de Aécio no maior colégio eleitoral do País. “Nós esperávamos uma diferença maior no 1.º turno (em favor de Dilma)”, avaliou. 

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Mas ao contrário do que fez na etapa inicial, quando se concentrou em São Paulo e no chamado “cinturão vermelho”, formado por cidades governadas pelo PT na região metropolitana e bairros periféricos da Capital, agora Dilma deverá ter maior presença nas regiões metropolitanas de Campinas, Baixada Santista e Vale do Paraíba. 

O comitê da reeleição quer ainda que a candidata retome as viagens pelo País o quanto antes. Além de investir no Sudeste, principalmente em São Paulo e Minas Gerais, ela voltará à região Sul e também a dois Estados do Nordeste considerados fundamentais: Bahia e Pernambuco. (Colaboraram: Vera Rosa, Tania Monteiro, Rafael Moraes Moura, Ricardo Galhardo e João Villaverde)

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