João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB), candidatos a governador de São Paulo, voltaram a se encontrar nesta terça-feira (23/10) no penúltimo debate eleitoral - promovido por SBT, UOL e Folha de S. Paulo - antes do segundo turno das eleições 2018.
O encontro contou com três blocos. No primeiro e no terceiro, os candidatos fizeram perguntas entre si, com direito a réplica e tréplica. No segundo bloco, jornalistas dos veículos organizadores realizaram os questionamentos.
Ao contrário dos dois encontros anteriores – Band e TV Record – confrontos e trocas de acusações não deram o tom do debate no SBT. Os candidatos estabeleceram, desde o início, posicionamentos cordiais e promoveram discussões mais focadas nas propostas de cada campanha.
Confira abaixo quais foram os ‘melhores momentos’ do debate do SBT para governador de São Paulo:
Bronca na plateia
Logo no início do debate, após João Doria responder sua primeira pergunta, a claque que acompanhava o tucano ensaiou uma salva de palmas que foi rapidamente abafada pelo mediador do encontro, o jornalista Carlos Nascimento.
“Senhores, eu acho que todo mundo ouviu o que eu falei. Não está prevista a manifestação da plateia. Eu gostaria de pedir que pare por aí ou a gente vai ter que ser mal-educado como vocês estão sendo”, disse Nascimento.
A “bronca” do jornalista deu resultado e a plateia, de ambos os candidatos, permaneceu praticamente em silêncio até a parte final do debate.
Doria critica vídeo e fala em regulação das redes sociais
No segundo bloco do debate no SBT, quando os jornalistas fizeram as perguntas aos candidatos, João Doria foi questionado e classificou como “absurdo fake news” os vídeos envolvendo cenas de sexo que circulam nas redes sociais. As gravações contam com mulheres e um homem que foi associado ao tucano.
“Estou aqui acompanhado pelo minha esposa Bia. Fiquei muito impactado com isso e não imaginava que a campanha pudesse chegar nesse nível. Não estou fazendo aqui acusação ao meu adversário, mas esse tipo de conduta em uma campanha política é condenável. Seja para quem for, de um lado e de outro”, disse o candidato do PSDB.
Na continuação do diálogo com a jornalista, Doria defendeu ainda mudanças na legislação brasileira para as próximas eleições.
“Não é possível que isso continue nesse nível, prejudicando a vida e o nome dos candidatos que disputam os governos e o próprio presidente. O TSE deve ter uma ação muito rigorosa para impedir a proliferação de fake News”, afirmou.
Mais cedo, Doria já havia divulgado um vídeo ao lado de sua esposa, Bia Doria, no qual negou a ser o homem que aparece nos vídeos e classificou o material como uma “produção grotesca”.
Apoios para presidente da República
Os candidatos ao governo paulista foram questionados pelos jornalistas sobre seus posicionamentos acerca da disputa presidencial entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL).
Questionado, João Doria negou a possibilidade de sair do PSDB por conta de seu posicionamento favorável a Bolsonaro e da postura crítica de tucanos como Fernando Henrique Cardoso – crítico ao candidato do PSL.
“Não pretendo deixar o PSDB, estou filiado desde 2001. São 18 anos de filiação”, disse. “O PSDB é um grande partido, com figuras exponenciais, inclusive o Fernando Henrique Cardoso que é o presidente de honra , a quem eu devo extremo respeito”, completou. Na sequência, o tucano reforçou seu apoio a Bolsonaro e disse que está ainda mais entusiasmado após conversar com Paulo Guedes recentemente.
Márcio França, por sua vez, respondeu perguntas sobre ambos os presidenciáveis e negou um pedido para revelar qual seria seu voto. Na primeira questão, disse não concordar com recentes declarações polêmicas de Bolsonaro e de seu filho, mas evitou se posicionar contra o candidato do PSL e fez um discurso pela união do Brasil. Depois disso, perguntado sobre o apoio nacional do PSB para Fernando Haddad, ressaltou que o partido respeita seu limite e que, como não tem nenhuma relação com o petista, não teria porque fazer campanha para ele.
França lembra de Eduardo Campos
Na sequência da resposta sobre a divergência no posicionamento em relação ao PSB nacional, Márcio França disse que o partido se manteve neutro e não teve nenhum postulante a presidente em 2018. O atual governador paulista lembrou de Eduardo Campos, presidenciável do PSB em 2014 que morreu em um acidente aéreo durante a campanha eleitoral.
“A morte do Eduardo Campos, em Santos, foi uma grande frustração para todos nós. Eu me preparei para fazer o Eduardo presidente, tinha certeza que ele seria um grande presidente da República. Alguém com visão nacional, preparado. Quando teve o acidente, ficamos sem uma referência”, afirmou França.
Plateia quase marcou gol contra
Ao final do debate, após a última fala de Doria, a plateia que se manteve calada durante todo o debate após a bronca inicial do mediador se manifestou efusivamente. As palmas renderam outro “puxão de orelha” do jornalista.
“Não vão marcar um gol contra aos 45 do segundo tempo, né?”, disse Nascimento. Ao final do encontro, o jornalista agradeceu a colaboração dos presentes.