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Opinião|Cappelli pede demissão após Lewandowski rejeitar ‘renovação’ sugerida por Lula: ‘Vou cuidar da vida’

Troca no Ministério da Justiça significa também mudança nas políticas públicas, especialmente na área da segurança. Saem o PSB e Cappelli e entram o PT e uma visão considerada ‘mais light’

Foto do author Eliane Cantanhêde
Atualização:

O anúncio do ex-ministro do STF, Ricardo Lewandowski, para o comando do Ministério da Justiça não muda apenas a chefia, mas também a estrutura da pasta. E a mudança deve começar pelo secretário-executivo e braço direito de Flávio Dino, Ricardo Cappelli. Ele se encontrou com Dino pela manhã e se comprometeu a fazer a transição para a nova gestão do Ministério da Justiça, após um período de férias.

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O presidente Lula até pensou em renovar o ministério, com Lewandowski ministro fazendo a atuação institucional, e Cappelli como super secretário-geral, cuidando da segurança pública, que ocupa 90% da rotina da pasta e atualmente é a área com pior avaliação no governo. Lewandowski, no entanto, aceitou o convite de comandar a pasta com a condição de ter carta branca para montar a equipe. Ou seja, não aceitou a “renovação” proposta pelo presidente.

Cappelli já tinha férias marcadas e deve viajar para encontrar a família nos lençóis maranhenses, mas já adiantou que, assim que voltar, abrirá caminho para o novo comando na Justiça. “Na volta, faço a transição normalmente no Ministério e vou cuidar da vida”, disse.

O secretário-executivo e braço direito de Flávio Dino, Ricardo Cappelli, deve deixar a pasta com a entrada de Lewandowski Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Isso significa uma mudança nas políticas da pasta. Saem o PSB e Cappelli, que foi muito bem sucedido como interventor do DF pós 8/1/23, e entram o PT e uma visão considerada “mais light” da segurança pública. Para um assessor de Dino, ironicamente, “vêm aí os sociólogos do PT, que não gostam da policia”. Na visão desse assessor, a violência está fora de controle, não só no Brasil, vide Equador, e é preciso “firmeza”. Ele não diz, mas a dedução é que, na sua opinião, os “sociólogos do PT” não terão essa firmeza.

Cotado para a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) é justamente o sociólogo Benedito Mariano, um dos fundadores do PT, que reage à opinião do assessor de Dino. “Essa visão é preconceituosa. Sou sociólogo, sou do PT e não é verdade que não gosto da polícia”. Mariano foi também ouvidor de Segurança em São Paulo, cuidando exatamente de “excessos” da polícia.

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Mariano acrescenta que trabalha com segurança pública há 40 anos e já escreveu mais de 30 textos sobre o tema para o Estadão, onde é colunista. Um desses textos, inclusive, propõe a criação de uma Guarda Nacional permanente, civil, para cuidar de todo o território nacional. O cotado para a secretaria executiva é o advogado baiano Manoel Carlos de Almeida, que já trabalhou com Lewandowski.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

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