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Ex-exilado no Chile, Serra repudia declaração de Bolsonaro sobre Bachelet

Para ex-chanceler, declaração do presidente "agride os direitos humanos e o povo chileno"

Foto do author Marcelo Godoy
Por Paula Reverbel e Marcelo Godoy
Atualização:

O senador e ex-chanceler José Serra – que foi para o exílio no Chile durante a ditadura militar brasileira e chegou a ser preso lá depois que Augusto Pinochet tomou o poder – repudiou nesta quarta-feira, 4, as afirmações do presidente Jair Bolsonaro em que ele ataca o pai da ex-presidente chilena Michelle Bachelet.

“O presidente deu uma declaração que agride os direitos humanos e o povo chileno, e merece todo nosso repúdio” , escreveu, em nota enviada ao Estado.

José Serrafoi para o exílio no Chile durante a ditadura militar no Brasil Foto: Christina Rufatto

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“Elogiou o covarde assassinato do general Bachelet, pai da ex-presidente do Chile Michele Bachelet, na época da ditadura militar chefiada pelo abominável general Augusto Pinochet”, concluiu.

Serra, quando esteve detido no Chile pelo regime Pinochet, escapou por pouco de ser identificado por uma missão de militares brasileiros que foi até Santiago para ajudar a interrogar presos políticos no Estádio Nacional.

Um dia antes da chegada dos militares, foi solto pelo major Mario Luis Iván Lavanderos Lataste – que enganou seus superiores – e se refugiou na embaixada da Itália. Serra atribui a Lavanderos o fato de ainda estar vivo. Soube que o major que o ajudou foi fuzilado pelo regime.

Bolsonaro afirmou nesta quarta em suas redes sociais que o golpe de Pinochet “deu um basta à esquerda” no país. “Entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época”, se referindo a Alberto Bachelet, que foi torturado e morto pela ditadura.

Ele escreveu ainda que a ex-presidente chilena “investe contra o Brasil na agenda de direitos humanos (de bandidos), atacando nossos valorosos policiais civis e militares”.

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Relembre outros desconfortos diplomáticos provocados por Bolsonaro

Michelle, que hoje é alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos, havia dado uma entrevista coletiva em Genebra na qual disse que houve uma “redução do espaço democrático” no Brasil. Na ocasião ela citou a aumento da violência policial no País.

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