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Fafá de Belém quer levar ‘grito’ de defesa da Amazônia para Círio de Nazaré

Questão ambiental vira tema do tradicional ‘vatapá’ de Fafá , banquete que cantora, espécie de madrinha da festa religiosa, oferece uma vez por ano a convidados

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Foto do author Pedro  Venceslau
Por Pedro Venceslau e Cecília Ramos
Atualização:

Principal referência do movimento Diretas Já, amiga de políticos de várias colorações partidárias, a cantora Fafá de Belém quer agora transformar a defesa da Amazônia em um grito de guerra dos milhões de fiéis do Círio de Nazaré, uma das maiores festas religiosas do mundo que acontece em outubro na capital paraense.

Na noite desta segunda-feira, 23, esse foi o tom do tradicional “vatapá da Fafá”, banquete de comidas e bebidas típicas que ela oferece uma vez por ano a convidados em seu apartamento em São Paulo.

Fafá de Belém, na cozinha de seu apartamento Foto: IARA MORSELLI/ESTADÃO

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Entre patas de caranguejo, cumbucas de tacacá e drinks com cupuaçu, a cantora ressaltou que esse ano o Círio acontece quando a Amazônia está “no centro do mundo”. Há nove anos Fafá se tornou uma espécie de madrinha e garota-propaganda do Círio, onde freta um barco para levar políticos e celebridades na procissão fluvial. 

Questionada sobre seu voto em 2018, Fafá garante que não votou em Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial. Em tempo: o então candidato do PSL ganhou de Fernando Haddad (PT) em Belém. “Pelo amor de Deus, né? Eu não votei em ninguém. Olhei aquele quadro e falei: não dá pra mim”, disse, evitando críticas mais diretas ao presidente.

A cantora costuma ser cuidadosa ao falar de políticos e ecumênica nas amizades com o poder. Em uma mesa da sua sala repousa em destaque o livro “Marimbondos de Fogo”, de José Sarney. Helder Barbalho (MDB), governado do Pará, um dos patrocinadores da sua “Varanda de Nazaré”, é chamado por ela de “Helderzinho”. “Eu o conheci com 3 anos de idade, quando Jader (Barbalho) foi candidato em 1982”, disse.

Fafá disse que foi “muito perseguida” depois da campanha de Tancredo Neves “pela direita e pela esquerda juntas”. “Eu não fecho com quem não acredito. Por isso que eu olho e vejo um vazio de fundamento tanto para Bolsonaro quanto para o cara que é contra ele. O desmatamento da Amazônia vem de muito tempo. O MST desmatou muito. Então a culpa é do Bolsonaro? Não vejo que a culpa é dele. Ele deixou que queimassem em homenagem a ele”.

Se pisa em ovos ao falar de Bolsonaro, Fafá é contundente ao criticar o PT e o ex-presidente Lula. “Eu me sinto traída pelo Lula. Ele era a esperança. No segundo mandato tinha no governo todos aqueles que lutamos para tirar nas Diretas. Essa é a grande decepção”, afirmou.

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A apesar de conhecer João Doria há 40 anos, quando fez a campanha de Franco Montoro a convite dele, prefere evitar declarar apoio ao projeto presidencial do governador tucano. “Mas eu sou política. Em Pernambuco, por exemplo, eu não deixo a política. (deu uma risada). (Miguel) Arraes era meu ídolo de infância, e aí tinha Cali (Carlos Wilson Campos) e o Dudu (Eduardo Campos)”.

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