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FHC conversa sobre cooperação com Zemin

Por Agencia Estado
Atualização:

Com o pedido de desculpas feito pelos Estados Unidos e aceito pelo governo chinês, os temas de cooperação para atuação conjunta entre Brasil e China nos fóruns internacionais ganharam mais importância no encontro na tarde desta quarta-feira entre o presidente da China, Jiang Zemin, e o presidente Fernando Henrique Cardoso. Ao desembarcar em Brasília, Jiang divulgou nota elogiando o papel e o desempenho do Brasil na comunidade internacional. "Desfrutanto de abundantes recursos naturais e grande potencial de desenvolvimento, o Brasil desempenha um papel cada vez mais destacado nos assuntos regionais e internacionais." "Sendo os dois maiores países em desenvolvimento, respectivamente no Hemisfério Leste e Oeste, China e Brasil enfrentam tarefas para desenvolver a economia, enriquecer o povo e fortalecer o país", disse Jiang. "Compartilhamos a mesma responsabilidade histórica e a boa base de cooperação no que diz respeito à manutenção da paz mundial e à promoção do progresso conjunto", conpletou. O início de um entendimento entre a China e os Estados Unidos não retirou a crise diplomática entre esses dois países da pauta do encontro entre Jiang e Fernando Henrique. De acordo com fontes do governo, o presidente ainda poderia tocar no assunto com o colega chinês. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, havia pedido que o presidente brasileiro ajudasse na solução do impasse. Nesta quarta-feira, a China aceitou as desculpas do governo americano e concordou em libertar os 24 tripulantes da aeronave do serviço de inteligência da Marinha americana que derrubou, acidentalmente, um avião chinês na semana passada. Mas o problema ainda não chegou ao fim. China e Estados Unidos reúnem-se no dia 18 para tratar do acidente. Além do pedido de desculpas, os chineses queriam que os Estados Unidos assumissem a responsabilidade pelo acidente e cancelassem os vôos de inteligência à China, com o que o governo americano não concordou. Segundo essas mesmas fontes do governo brasileiro, o fato de o principal motivo de tensão, a manutenção dos 24 tripulantes na China, ter sido dissipado, diminui as preocupações do governo brasileiro com relação às conseqüências que o conflito poderia ter na adesão da China à Organização Mundial do Comércio (OMC), prevista para o fim deste ano. O Brasil tem interesse em ampliar as relações comerciais com a China, um mercado potencial de mais de 1,2 bilhão de consumidores, mas altamente protegido. Em troca do apoio necessário para que China se torne membro da OMC, o Brasil conseguiu negociar reduções de tarifas para as exportações de suco de laranja, café solúvel e soja. Mas as novas regras só vão valer depois que a China entrar na OMC. Outra preocupação do governo, além do acesso ao mercado chinês, é perder um forte aliado para defender as posições dos países em desenvolvimento nas negociações da OMC. Um exemplo disso é a resistência do Brasil e da China em adotar padrões ambientais e trabalhistas nas regras internacionais de comércio. Outro exemplo de concordância entre os dois países é a reação negativa dos dois presidentes ao fato de o presidente Bush ter se recusado a assinar o Acordo de Kyoto, que limita a emissão de gases que causam o efeito estufa.

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