Greenhalgh era elo com Planalto, diz procurador

Banqueiro Daniel Dantas contaria com o ex-deputado do PT para ter acesso dentro do governo; Justiça negou a decretação de sua prisão

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A quadrilha supostamente montada pelo banqueiro Daniel Dantas tinha no advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado federal do PT, um de seus principais braços para tentar barrar as investigações da Polícia Federal. "Greenhalgh fez contato com um órgão do Executivo", limitou-se a dizer o procurador da República Rodrigo de Grandis. Em um telefonema recente, o ex-deputado conversou com o chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, em busca de informações sobre a investigação sigilosa da PF. Para o Ministério Público Federal, não há dúvida de que Greenhalgh era integrante da organização criminosa. Por isso, o procurador pediu à Justiça a decretação da prisão temporária de Greenhalgh, que foi negada. O advogado negou a acusação de tráfico de influência. Ele disse desconhecer as razões que levaram o envolvimento de seu nome nas investigações. Greenhalgh afirmou que foi contratado como advogado criminalista por Dantas. "Atuei na defesa de meu cliente nos estritos marcos da legalidade e da ética profissional." Por fim, disse que "nem mesmo na ditadura militar" foi envolvido em investigação por conta "da defesa de seus clientes". "A violação das prerrogativas do advogado é prática inadmissível." Segundo o Ministério Público, foi apurado que Greenhalgh fez parte do esforço da organização para descobrir a natureza do procedimento da PF e quem era o delegado encarregado da investigação. "Ele participa dessa articulação para descobrir onde estava o procedimento e de todas as informações que, por força legal, são sigilosas. Era por meio dele que Daniel Dantas contava ter acesso dentro do governo", afirmou o procurador. A PF concluiu que o ex-deputado agiria "junto a altas autoridades do Poder Executivo e a empresas estatais, dentre elas o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES)". Segundo os federais, os integrantes do esquema usavam codinomes nas conversas telefônicas.Greenhalgh seria identificado como Gomes e pelo apelido Leg. Para o juiz Fausto Martins De Sanctis, da 6ª Vara Federal, no entanto, não havia indícios que justificassem a decretação da prisão do advogado ou o mandado de busca e apreensão em seu escritório. Além de Greenhalgh, o assessor Guilherme Henrique Sodré Martins, o Guiga, também faria tráfico de influência em favor do Opportunity. Sodré teria repassado informações sobre a apuração da PF. Assim como no caso de Greenhalgh, Sodré teve a prisão negada pelo juiz. Ele atuaria "no Parlamento em favor de Dantas". A PF flagrou contatos de Sodré com um senador. "INFLUENTES" As investigações apontaram ainda que o Opportunity "utilizava-se de pessoas influentes no meio político". O relatório cita nessa condição Naji Nahas, o ex-chefe da Casa Civil do governo Lula José Dirceu e o atual ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger.

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