Arraes comandou a capital pernambucana entre 1959 e 1962, e em seguida o estado. Alguns o vinculam ao comunismo, mas o máximo que fez parece que foi receber o apoio do PCB em seu primeiro mandato estadual. O regime militar acreditou em algo maior e Arraes foi parar na Argélia: 14 anos de exílio. E se o seu último governo estadual ocorreu pelo Partido Socialista Brasileiro entre 1995 e 1998, o segundo foi pelo PMDB entre 1987 e 1990. Assim, o que o cearense Miguel e o alagoano Renildo teriam de comunistas? A medir pelo pluripartidarismo do primeiro e pela "ideológica" coligação de 20 legendas que apoiaram o segundo em sua reeleição: nada - ou muito pouco. A cultura política brasileira parece ser a melhor explicação. Mas e Moscouzinho? Recentemente, a primeira prefeitura comunista do Brasil não se mostra próspera na matéria. O histórico vermelho sequer aparece em seu hino, que canta o verde dos canaviais, o sol e o céu, que costumam ser amarelo e azul. Sua bandeira segue a lógica cromática. Mas e os comunistas?
Ao menos após a promulgação da Constituição de 1988 eles estiveram longe. Geraldo Melo governou pelo PMDB entre 1989 e 1992. Aí a cidade escolheu Humberto Barradas pelo PTR. Em 1996 foi Newton Carneiro do PPB - hoje PP, que um dia se chamou Arena. Em 2000, a vitória ficou com Fernando Rodovalho do PSC. Em 2004, mais Newton Carneiro, pelo PSDC. E em 2008, o tucano Elias Gomes da Silva venceu as eleições e se reelegeu em 2012. Nesse segundo caso uma novidade: o PC do B estava na coligação. Seria a volta do comunismo? Pouco provável. Desses políticos recentes de Moscouzinho, o pluripartidário Barradas foi quem mais se aproximou da esquerda, a despeito da esquizofrenia ideológica de suas filiações. Ligado ao PSB em 2002, legenda "socialista" de Arraes, renunciou à candidatura a governador depois de se opor à campanha de Anthony Garotinho para a presidência. Betinho, como é chamado, deixou o posto para: Dilton Conti. E a história conta que o postulante do PSB fez seu primeiro comício em 01 de agosto em Água Preta, cidade que homenageia o Rio Una, do tupi preto, ou nesse caso, turvo e pouco transparente, a exemplo de nosso perfil ideológico no Brasil. Fosse vermelho seria pytanga, mas isso é outra história.