BRASÍLIA – A campanha em prol do Aliança pelo Brasil, partido de Jair Bolsonaro, no púlpito da Igreja Presbiteriana Central de Londrina, no domingo passado foi mal recebida na cúpula da instituição, uma das mais tradicionais do País no ramo evangélico.
Como mostrou o Estadão/Broadcast ontem, o reverendo Emerson Patriota "desafiou" os membros da igreja, no Norte do Paraná, a assinarem a lista de apoio à criação do Aliança.O movimento foi organizado pelo deputado Filipe Barros (PSL-PR), aliado de Bolsonaro e membro da Presbiteriana.
A igreja de Londrina está sob o guarda-chuva da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB). A reportagem apurou que o pedido feito no púlpito incomodou membros do Supremo Concílio, órgão máximo de comando da denominação. Essa instância é responsável por definir os princípios e as condutas dos líderes. Já em Londrina, cabe ao presbitério local eventuais punições.
Em nota, a Igreja Presbiteriana do Brasil afirmou que a instituição "não é apolítica" e tem um compromisso histórico com a democracia, mas afirmou que "em nenhum momento apresentou ou apresenta apoio a qualquer partido político." A IPB também afirmou que a opinião pessoal de membros ou pastores não refletem o posicional oficial da instituição.
"Em resolução de sua reunião ordinária em 1990, o Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil orienta seus concílios em geral que evitem apoio ostensivo a partidos políticos e que as igrejas não cedam seus templos ou locais de culto a Deus para debates ou apresentações de cunho político", diz a nota, divulgada nesta quarta-feira, 29.
O presidente do Supremo Concílio da Presbiteriana, reverendo Roberto Brasileiro Silva, decidiu divulgar a manifestação após a instituição ser pressionada para se posicionar oficialmente. De acordo com auxiliares de Silva, a cúpula da igreja entendeu que a atitude do pastor em Londrina feriu o princípio da liberdade individual dos fiéis para escolher suas preferências políticas.
Procurada pela reportagem, a Presbiteriana de Londrina não comentou o caso.