Infraero já teme que crise afete segurança dos vôos

Para presidente da Infraero, desmilitarização pode levar até 6 anos

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Por Agencia Estado
Atualização:

Mais que o processo de desmilitarização do setor, o governo está preocupado com o reflexo do racha entre controladores e oficiais da Aeronáutica para a segurança de vôo no País. Segundo o presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), brigadeiro José Carlos Pereira, o principal objetivo das autoridades agora é manter o bom funcionamento do sistema. ?Os controladores não podem trabalhar sob stress, pois o risco para a população pode ser grande?, disse ele, após audiência pública sobre as obras na pista do Aeroporto de Congonhas, realizada na segunda-feira, 2. Executivos de empresas aéreas também estão preocupados com a tensão nos centros de controle. Segundo eles, desde o acidente entre o jato Legacy e o Boeing da Gol, em 29 de setembro, a relação entre pilotos e controladores ?é a pior possível?. ?Eles não se respeitam mais?, afirmou ao Estado o dirigente de uma das quatro maiores companhias do País. ?Temos de rezar para que nada de mais grave aconteça?, diz ele. Pereira comparou a crise a uma briga de casal. ?Precisamos administrar a briga de casal que poderá acontecer entre a Força Aérea Brasileira e esses controladores, depois da greve de sexta. Vamos estudar direitinho como os dois lados vão conviver nesse período de transição.? A crise se acirrou sexta-feira, 30, resultado de um motim de operadores que paralisou o espaço aéreo por cinco horas. O comandante da Força, Juniti Saito, ordenou a prisão dos amotinados do centro de controle aéreo de Brasília (Cindacta-1), mas recuou depois da intervenção direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula abortou a hipótese de qualquer medida drástica e mandou que fossem abertas negociações. Processo de desmilitarização O governo se comprometeu a iniciar o processo de desmilitarização do controle aéreo, pagar uma gratificação emergencial à categoria e rever a transferência e punição dos controladores envolvidos no protesto. Mas na segunda-feira, 2, o próprio Pereira admitiu que a transição para o sistema civil poderá levar até seis anos. ?Essa desmilitarização não será tarefa fácil?, afirmou. ?Não vai dar para resolver de uma hora para a outra. Vamos primeiro estancar uma hemorragia, cuidar da ferida, para que o País não continue sofrendo. O tratamento completo será muito longo. Pode demorar cinco, seis anos para desmilitarizar.? O problema, segundo o brigadeiro, não está só na transferência dos 2.200 controladores militares para o âmbito civil, mas sim de toda a infra-estrutura necessária para o funcionamento do sistema. ?Será uma grande batalha para descobrir qual a melhor forma para organizar o novo controle?, disse. ?Não é só a equipe de controladores, tem a equipe dos mantenedores, pessoal da meteorologia, especialistas em informação aeronáutica, equipamentos... Fora decidir o local físico. O esquema jurídico também é complicado, vai ter que se discutir o tempo de serviço de cada controlador, salário, um monte de coisas.? O major Paulo Eduardo Albuquerque de Magella, da Divisão de Operações do Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo, vê outro entrave. Para ele, a maioria dos controladores pode se recusar a virar civil. ?Só 10% deles estão insatisfeitos. São justamente os mais jovens, que tiveram a cabeça feita por meia dúzia de rebelados. Não tenho dúvidas de que a maioria quer permanecer militar.? Para a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio, ainda não há risco para a segurança de vôo, mas isso depende da agilidade do governo. ?Não enxergo risco iminente, a não ser que esta crise continue?, diz. ?Teríamos (risco) se o governo não tomasse nenhuma atitude.?

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