Se a prisão de José Dirceu já era esperada pelo mundo político, a do lobista Fernando de Moura surpreendeu o PT e o PMDB e aumentou o grau de preocupação dos líderes desses dois partidos em relação aos novos desdobramentos da Lava Jato. Moura era uma espécie de "procurador" informal do ex-ministro nos negócios relativos à estatal, mas também manteve boa relação com Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado pelas investigações como o operador dos interesses peemedebistas no esquema de desvios da Petrobrás.
Foi Moura quem indicou Renato Duque, preso em Curitiba (PR), para a Diretoria de Serviços da Petrobrás logo após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. O nome de Duque, funcionário de carreira da estatal, foi apresentado pelo lobista a Silvio Pereira, então indicado por Dirceu para preencher cargos de primeira escalão no governo que se iniciava.
Desde então, a relação entre Moura e Dirceu se estreitou e, segundo quem os conhece, eles se tornaram amigos. Todos os negócios relativos a Petrobrás que envolviam algum interesse do grupo de Dirceu na estatal passavam por Moura. Era ela o encarregado de fazer a ligação entre a Petrobras, os operadores e os empresários.
Entre os operadores e lobistas, Moura tinha bom trânsito com Augusto Mendonça, da Toyo Setal. Essa relação o aproximou de Fernando Baiano. Os três participaram das negociações do contrato de compra de dois navios-sonda.