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Lula critica Bolsonaro, pede desculpas a Fernández e fala em ‘carinho’ a Cuba e Venezuela

Na Argentina, petista lamenta ‘grosserias’ do antecessor; ele comparou embargos a regimes autoritários com invasão da Rússia

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Foto do author Eduardo Gayer
Por Amanda Cotrim e Eduardo Gayer
Atualização:

BUENOS AIRES – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta segunda-feira, 23, tratar “com carinho” Cuba e Venezuela – dois regimes autoritários da América Latina. Durante visita a Buenos Aires, o petista criticou ainda a gestão Jair Bolsonaro e afirmou que o Brasil está de “braços abertos para acolher os argentinos”.

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“Peço desculpas ao povo argentino por todas as grosserias do último presidente do Brasil”, disse Lula ao presidente Alberto Fernández. “Estejam certos de que a Argentina será tratada com carinho, o respeito que sempre mereceu.”

Ainda no contexto das relações exteriores, Lula pediu o fim do embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba, que já dura mais de 50 anos, e afirmou que os problemas internos do país devem ser resolvidos pelo povo cubano.

Lula comparou os embargos contra Cuba e Venezuela com a ocupação da Rússia na Ucrânia, dizendo que é a favor da soberania dos povos. “Sou contra ingerências externas nos processos venezuelanos. É preciso resolver com diálogo e não com bloqueio”, afirmou. “Precisamos tratar Venezuela e Cuba com muito carinho.”

Lula confirmou ainda que foi cancelada uma reunião que teria ontem com o líder da Venezuela, Nicolás Maduro. “Eu estava disposto a me reunir com Maduro. O Brasil vai restabelecer as relações diplomáticas com a Venezuela e em dois meses queremos que a embaixada seja reaberta”, afirmou.

Lula defendeu o fim do embargo econômico a Cuba. Foto: Agustin Marcarian/Reuters

A embaixada em ambos os países foi fechada na gestão Bolsonaro. A reunião entre Lula e Maduro foi cancelada por parte do país venezuelano, afirmou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo.

‘Democracia’

O presidente brasileiro também afirmou que quem critica a Venezuela não pode esquecer de criticar os atentados à democracia do país vizinho, referindo-se ao processo não institucional que condecorou Juan Guaidó como presidente interino venezuelano.

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“Os críticos de Maduro esquecem que fizeram algo abominável reconhecendo Guaidó como presidente, indo ao contrário da democracia”, disse Lula. “Vou repetir que o papel do Brasil não é interferir na política dos países vizinhos, mas levar a paz e construir o diálogo”, afirmou. “Fui sindicalista. Estou acostumado a negociar. Então eu acredito que o melhor caminho é sentar e conversar”, disse, sugerindo aproximação de opositores e apoiadores de Maduro.

Sobre a presença de Maduro na cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), que foi criticada pela oposição na Argentina e contou com manifestação, anteontem, de venezuelanos residentes no país contrários à visita, Fernández afirmou que “todos os países da América Latina e Caribe foram convidados”.

“A presença de Cuba e Venezuela à Celac é mais uma inquietação da imprensa do que dos membros da cúpula”, disse o presidente da Argentina.

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