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Lula reforça aliança com PSB em giro por Pernambuco; petista visita réplica de casa onde nasceu

Pré-candidato participa de atos em Garanhuns, Serra Talhada e Recife e destaca que seu candidato ao governo é Danilo Cabral (PSB); ex-petista Marília Arraes também disputa governo local

Foto do author Luiz Vassallo
Por Manoela Bonaldo e Luiz Vassallo
Atualização:

No primeiro ato político de seu giro por Pernambuco, nesta quarta-feira, 20, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou em discurso que tem candidato ao governo e este é Danilo Cabral, do PSB. A declaração reforça a aliança entre PT e PSB no Estado, onde a deputada federal Marília Arraes rompeu com os petistas e se filiou ao Solidariedade para também concorrer ao governo. Ambos mantém boa relação, e Marília já manifestou seu apoio a Lula, mas a declaração do petista é simbólica diante das disputas locais.

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“Eu na verdade vim para dizer uma frase: eu tenho candidato a governador no Estado de Pernambuco, que é Danilo Cabral”, disse o petista, durante evento em Garanhuns (PE).

O objetivo de Lula é alavancar a pré-candidatura de Cabral e fazer com que o eleitorado perceba que ele é o candidato do ex-presidente, minando a estratégia de Marília. No evento foi oficializada a pré-candidatura à reeleição da vice-governadora Luciana Santos, presidente nacional do PCdoB, e a pré-candidatura ao Senado da deputada estadual Teresa Leitão (PT), ambas na chapa de Cabral.

Parte do público, que usava camisetas do PT e de movimentos sociais, chegou a gritar o nome da deputada federal Marília Arraes pouco antes de o evento começar. Antes de chamar Danillo Cabral ao palco, a equipe do evento soltou o jingle de campanha do pré-candidato do PSB, cuja letra representa mais um esforço de fazer colar sua imagem à do ex-presidente. “Danillo é Lula. Lula é Danillo. É Danilula, ninguém segura mais não”, diz a música.

Mesmo assim, encerrada a canção, a plateia ficou dividida entre aplausos e vaias, que foram registradas por militantes, e chegaram a ressoar inclusive na transmissão oficial do evento, feita pela campanha de Lula. O deputado federal fez discurso em tom conciliador.

“Eu quero cumprimentar a todos que estão aqui nessa enorme plateia, a todos que vieram de vários municípios, e inclusive àqueles que discordam da gente aqui neste momento. Aqui a gente faz isso em respeito ao que viemos fazer aqui”, disse.

Cabral emendou afirmando que a “democracia” está em risco. “Não existe democracia quando 30 milhões de brasileiros não tem um emprego para sobreviver com dignidade. Não existe democracia quando povos indígenas não são respeitados como não foram respeitados na Amazônia, quando mataram o Bruno. Não existe democracia quando a imprensa livre vê o Dom [Philips] ser assassinado”, disse.

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O desconforto com a divisão na militância pernambucana ficou evidente no recado que o ex-presidente deu em seu discurso, ao declarar apoio a Cabral. Sem citar Marília, Lula disse que “não confunde” sua relação “pessoal com a política”. “O PT tem um compromisso nacional com o PSB e eu sou do tempo em que não precisava documento. Era no fio de bigode. E eu quero cumprir o compromisso com o PSB e quero que o PSB cumpra o compromisso com o PT”, disse.

Segundo a última pesquisa do Ipespe com a Folha de Pernambuco, divulgada no dia 4 de julho, Marília Arraes lidera as intenções de votos com 29%, seguida de Raquel Lyra (PSDB), com 13% e Danillo Cabral (PSB), com 10%.

O próprio PT está dividido no Estado, e chegou a expulsar 11 militantes que encabeçavam um movimento de nome “oPTei Marília”. A candidata, que chegou a visitar o ex-presidente em sua residência, em São Paulo, faz uma campanha com estética quase idêntica à criada pelo marqueteiro Sidônio Palmeira, que comanda as peças publicitárias de Lula. Seu nome aparece com as cores da bandeira brasileira, em um fundo vermelho.

De outro lado, ainda há inconformismo com petistas que não perdoam o fato de Cabral ter votado a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016. À época, o deputado se licenciou do cargo de secretário de Planejamento de Paulo Câmara (PSB) somente para comparecer à sessão e votar contra a petista.

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Durante a passagem do ex-presidente por Pernambuco, no entanto, não deve haver encontro com a pré-candidata, que tem percorrido cidades do agreste, do litoral norte e do sertão. “Sigo percorrendo o Estado, do litoral ao sertão, junto da nossa gente, do povo de Lula aqui em Pernambuco, como sempre fiz e continuarei a fazer. O que eu quero é que Lula possa contar com o voto do maior número possível de pernambucanas e pernambucanos”, diz Marília.

De manhã, Lula visitou a réplica da casa de sua mãe, dona Lindu, onde nasceu e viveu até os sete anos, no município de Caetés (PE). Foi desta região que a família do petista saiu para fugir da fome rumo a São Paulo.

Embora a residência original não exista mais, a obra de construção da réplica foi iniciada em maio de 2021 como forma de homenagem do Partido dos Trabalhadores de Pernambuco ao pré-candidato a presidente. Outra réplica havia sido construída no início dos anos 2000, mas não resistiu a ação do tempo.

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Lula (PT) em frente à réplica da casa em que viveu com a família até completar cinco anos, quando partiu para São Paulo Foto: Roberto Stuckert Filho

Na visita desta quarta-feira, Lula conversou com familiares que ainda vivem no município e plantou um pé de Mulungu no terreno em frente à casa, árvore que remete a seus tempos de criança.

Acompanhado do ex-governador Geraldo Alckmin, Lula seguiu para Garanhuns, onde participou do ato político de apoio a Cabral. No acordo entre as siglas, a petista Teresa Leitão será candidata ao Senado. Até amanhã, Lula deverá comparecer ainda a atos políticos em Serra Talhada e na capital, Recife.

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