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Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião|Lula tem ‘povo na rua’ e reconhecimento institucional e internacional; falta Bolsonaro

Não é papel de um líder, que deve esse gesto ao vitorioso, mas também uma palavra aos seus 58 milhões de eleitores

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Atualização:

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fechou o cerco, com muitas, rápidas e expressivas manifestações internacionais, o reconhecimento da sua vitória pelos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo e, o que não poderia faltar, apoio popular, nas ruas. A primeira providência após o anúncio do resultado, portanto, foi reforçar algo indispensável: condições de governabilidade.

Dos apoios institucionais, o primeiro e mais relevante foi de Arthur Lira, legítimo líder do PP e do Centrão, que foi eleito para a presidência da Câmara com o decisivo apoio do ainda presidente Jair Bolsonaro e defendeu já no domingo o respeito à vontade da maioria e que “é hora de desarmar espíritos, estender a mão aos adversários, construir pontes”.

Quanto mais o tempo passa, mais ele corre o risco de sua manifestação se tornar irrelevante, dispensável, palavras ao vento, depois que todos os personagens que interessam já o fizeram. Foto: Wilton Junior/Estadão

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O Centrão vai fechando a última página do governo Bolsonaro e abrindo a primeira do futuro governo Lula, confirmando a máxima, adaptada, de que “hay gobierno, soy a favor”.

Diplomatas, inclusive “da ativa”, comemoram a “volta à normalidade” e a “reinclusão do Brasil no mundo”, com a avalanche de manifestações de reconhecimento e apoio a Lula. Joe Biden, dos EUA, soltou nota menos de uma hora depois da eleição e ligou para Lula menos de 24 horas depois, para propor parcerias em ambiente, combate à pobreza, segurança alimentar e, claro, democracia.

Também se manifestaram líderes de França, Alemanha, Espanha, Itália, Portugal, de Cuba, à esquerda, e da Turquia, à direita, e na segunda-feira Lula já se reunia com o presidente da Argentina, Alberto Fernandez, bom exemplo do apoio no continente.

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Um a um, líderes políticos, religiosos, empresariais e a própria Febraban vão reconhecendo a vitória de Lula e cumprimentando o presidente eleito, mas faltava o principal, pelo menos até a noite desta segunda-feira, 31: Jair Bolsonaro. Essa lacuna não é apenas constrangedora e se torna mais um ato mal-educado e fora das regras produzido pelo presidente, que, além de tudo, é um mau perdedor.

Ruim para o País, ruim para o próprio Bolsonaro. Quanto mais o tempo passa, mais ele corre o risco de sua manifestação se tornar irrelevante, dispensável, palavras ao vento, depois que todos os personagens que interessam já o fizeram. Não é papel de um líder, que deve esse gesto ao vitorioso, mas também uma palavra aos seus 58 milhões de eleitores.

Lula prepara o futuro ampliando apoios, defendendo paz e diálogo, abrindo negociação com o Congresso e com o mundo. Bolsonaro vai virando passado rancoroso, isolado, ignorando as regras e o decoro do cargo. A comparação reforça o resultado das urnas.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

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