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Lula vê Bolsonaro ‘envolvido até os dentes’ em golpe e ‘altamente comprometido’ por delação de Cid

Ex-ajudante-de-ordens de Jair Bolsonaro é investigado em ao menos oito frentes, entre elas o desvio e a venda de joias presenteadas a Bolsonaro por autoridades estrangeiras

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Foto do author Felipe Frazão
Por Felipe Frazão
Atualização:

ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLHI - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira, dia 11, que a delação premiada do coronel Mauro Cid, ex-ajudante-de-ordens de Jair Bolsonaro, comprometerá o ex-presidente. Segundo Lula, Bolsonaro estava “envolvido até os dentes” numa tentativa de golpe de Estado no País, para evitar sua posse e continuar no poder.

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“Eu acho que ele (Bolsonaro) está altamente comprometido. A cada dia vai aparecer mais coisas e a cada dia nós vamos ter certeza de que havia perspectiva de golpe e que o ex-presidente estava envolvido nela até os dentes. Isso vai ficar claro. O tempo vai se encarregar”, afirmou Lula, na Índia, antes de decolar de volta ao Brasil, após participar da Cúpula do G-20.

“A única chance que ele tinha de não participar disso era quando ele estava preocupado em vender as joias. Fora disso, ele é o responsável por parte das coisas ruins que aconteceram no nosso País”, acusou Lula.

Lula disse que não tem conhecimento do conteúdo das declarações prestadas pelo militar do Exército.  Foto: Ricardo Stuckert/PR

O petista disse que não tem conhecimento do conteúdo das declarações prestadas pelo militar do Exército. Cid fechou um acordo de colaboração com a Polícia Federal, já homologado pelo Supremo Tribunal Federal.

Cid é investigado em ao menos oito frentes, entre elas o desvio e a venda de joias presenteadas a Bolsonaro por autoridades estrangeiras. O caso passou a ser investigado após integrantes do governo Bolsonaro tentarem ingressar ilegalmente no país com um conjunto de joias e uma escultura oferecidos pelo reino da Arábia Saudita, estimados em R$ 5 milhões.

O coronel Mauro Cid estava preso desde maio, acusado de falsificar cartões de vacinação da covid-19, e foi libertado no sábado, dia 9, com aval do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF.

Outra apuração versa sobre o envolvimento do militar em articulações golpistas, como a elaboração de documentos para decretar uma intervenção na Justiça Eleitoral, após a derrota de Bolsonaro em 2022, e o envolvimento dele com pessoas ligadas aos atos de 8 de janeiro.

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“Eu não sei o que está lá. Só sabem o delegado que ouviu e o coronel que prestou depoimento. O resto é especulação”, afirmou o petista.

Contexto

Durante a Operação Lava Jato, Lula foi alvo de uma série de acusações que vieram a público por meio de delações de donos de empreiteiras. O petista e seus aliados criticavam abertamente o uso dos acordos de colaboração como meios de obtenção de provas e depoimentos.

O PT chegou a propor uma revisão legal do instituto das deleções. Lula foi pessoalmente implicado, entre outros, pelos donos da Odebrecht, acusado de corrupção e crimes relacionados. Ele negou irregularidades e acusou delatores de mentirem, em diversas ocasiões. Os processos foram posteriormente anulados no STF, por razões formais e por suspeição do ex-juiz Sérgio Moro.

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