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Marco Aurélio Mello critica advogado-geral da União

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, criticou o advogado-geral da União, Gilmar Mendes que, no fim de semana, comparou o Judiciário a um manicômio, por causa de recentes decisões reconhecendo o direito de servidores grevistas receberem os seus salários. "Referir-se ao Judiciário como um manicômio não é aceitável: precisamos preservar o respeito", afirmou Marco Aurélio, que foi o autor de um dos despachos determinando o pagamento dos vencimentos de professores federais. O presidente do Supremo disse que estranha o fato de o governo não ter recorrido contra a decisão dele, que garantiu à categoria o pagamento dos salários de setembro. "Eu imaginei que houvesse o recurso", admitiu, ressaltando que é "inimaginável" que uma greve dure mais do que "meia dúzia de dias". A comparação do Judiciário a um manicômio também irritou a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que divulgou uma nota na qual afirma que "nem no regime militar o Poder Judiciário foi tão desrespeitado". O presidente da entidade, Antônio Carlos Viana Santos, reagiu: "Gilmar Mendes fala em manicômio judiciário, mas esquece de dizer que a loucura tem origem no outro lado da Praça dos Três Poderes." Os desentendimentos entre o presidente do Supremo e o advogado-geral da União agravaram-se desde que Gilmar Mendes declarou à Agência Estado que "felizmente o STF é mais que o presidente do STF", ao criticar a decisão do ministro de determinar o pagamento dos salários dos professores. Para tentar desfazer o mal-estar, Gilmar Mendes enviou na semana passada uma carta a Marco Aurélio. "Esteja certo de que eventuais discrepâncias não mitigarão o elevado apreço e a consideração que nutro por Vossa Excelência, seja em sua condição de presidente da mais alta Corte de nosso País, seja como brilhante jurista, seja mais singelamente como fraterno e generoso amigo", afirmou o advogado-geral. Ao ser questionado sobre a carta, o presidente do Supremo disse: "Eu prefiro dizer que a carta sinaliza consciência pesada." Marco Aurélio negou a existência de laços de amizade com Gilmar Mendes. Disse que o que existe entre eles é um "contato profissional".

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