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Opinião|O 7 de Setembro pode virar a ‘facada’ de 2022?

Manifestações gigantescas que o presidente Bolsonaro proporcionou para o candidato Bolsonaro podem criar um ‘antes e depois’ na eleição presidencial

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Atualização:

As manifestações gigantescas que o presidente Jair Bolsonaro proporcionou para o candidato Jair Bolsonaro à custa do 7 de Setembro e do bicentenário da Independência podem se transformar na facada de 2022, criando um “antes e depois” na eleição presidencial. Ou, em outras palavras, agora é ou vai ou racha.

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Como já escrito neste espaço, Bolsonaro se preparou para o “maior espetáculo da Terra”, enquanto a expectativa dos adversários, principalmente do PT, era de que o dia da Pátria, usado como dia de Bolsonaro, fosse o último cartucho, ou munição, ou bala em busca da reeleição.

As próximas pesquisas dirão, mas até lá precisamos nos ater aos fatos: os atos do Rio e de Brasília foram, sim, os maiores já vistos ao longo desta campanha, talvez até de muitas, e cumpriram o objetivo de dar uma baita demonstração de força para uma campanha que vinha cambaleante, ganhando um ponto daqui, outro dali, sem jamais ameaçar o principal candidato, o petista Lula.

Isolado no palanque, sem os presidentes do Supremo Tribunal Federal, do Senado e da Câmara e esnobando o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo, Bolsonaro vai atacar não apenas os adversários, mas as pesquisas, confrontando os índices que elas divulgam com as imagens deste 7 de Setembro. No discurso de Brasília, aliás, ele já contrapôs o Datafolha ao “Datapovo”.

Assim como o presidente sempre confundiu militantes bolsonaristas da internet com “o povo” e tomou decisões de governo com base neles, seus assessores militares, ideológicos e de marketing têm certeza de que os que foram às ruas para fingir que saudavam a Pátria, mas para, de fato, participar de comício de campanha são “a grande maioria da população”.

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É assim que Bolsonaro confirma ser capaz de qualquer coisa pela reeleição. Implodiu a lei eleitoral, o teto de gastos, a responsabilidade fiscal, o 7 de Setembro da Av. Presidente Vargas, o bicentenário da Independência com todos os Poderes.

De outro lado, abriu alas para Daniel Silveira, Eduardo Pazuello e Fabrício Queiroz, enquanto provocava o Supremo e trocava beijinhos com a primeira-dama Michelle, “mulher de Deus e da família”, conclamando os homens solteiros a encontrar suas “princesas”. Sei não, mas isso é pregar para convertido. As multidões do 7 de Setembro realmente foram imensas multidões, mas não são maioria, são compatíveis com os menos de 40% que o “mito’ tem nas pesquisas. Pelo menos, tinha antes. Agora, é ver o depois.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

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