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O que Bolsonaro conversou com o prefeito de São Paulo

Prefeito que busca reeleição se reuniu a portas fechadas em SP com ex-presidente e Michelle; Bolsonaro dará a última palavra sobre quem será o candidato apoiado pelo PL na capital

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Por Isabella Alonso Panho
Atualização:

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) se encontraram em São Paulo no último sábado, 6. Os dois trocaram afagos no momento em que o emedebista busca apoio para sua reeleição. O Estadão apurou que a decisão sobre quem terá o apoio do PL em São Paulo será do ex-presidente.

O encontro foi patrocinado por Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL. Na ocasião, Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro participaram da posse da nova presidente do PL Mulher São Paulo, a deputada federal Rosana Valle. O prefeito e Bolsonaro almoçaram e se reuniram antes do evento, realizado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).

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Como a política é feita de gestos, não houve conversas diretas sobre candidatura. O PL tem nomes próprios como pré-candidatos, como o deputado federal Ricardo Salles. Mas os sinais animaram o entorno de Nunes. Michelle, presidente do PL Mulher Nacional, dividiu o palco com o prefeito, o chamou para citar nomes de bairros de caravanas presentes e depois convidou ele e sua mulher, Regina Carnovale Nunes, para foto. O prefeito disse a Bolsonaro que muitas obras na cidade são devido a acordos feitos no governo dele. E considerou que o encontro era uma demonstração da sua boa relação com o PL. O presidente assentiu.

No campo da direita, São Paulo ainda busca um candidato. Nunes assumiu a cidade após a morte de Bruno Covas, em maio de 2021, e Guilherme Boulos (PSOL) apresenta-se hoje como a candidatura consolidada da esquerda.

Ter Bolsonaro como cabo eleitoral pode ser decisivo para Nunes. O ex-presidente atrairia o eleitorado mais à direita, enquanto o atual prefeito aglutinaria os votos de centro e centro-direita, uma vez que o emedebista tem o perfil, na visão do PL, ideal para o paulistano, que rejeita extremismos. A dificuldade está em empolgar o eleitor.

Nunes costuma responder com uma pergunta: “O eleitor de São Paulo gosta de qual perfil? Bruno Covas, João Doria, Haddad, Gilberto Kassab, José Serra, Marta Suplicy, Celso Pitta ou Luiza Erundina?”. A interlocutores, o prefeito diz que considera seu perfil mais próximo ao de Bruno, de quem era vice, que tinha índices altos de aprovação. Bruno morreu em maio de 2021.

Discrição

A discrição, contudo, é vista como o principal defeito de Nunes por seus próprios aliados. Nesse diagnóstico, o eleitor de São Paulo tende a escolher um candidato que se apresente como um gestor com mais atitude para enfrentar os problemas da cidade. Nunes foi aconselhado, por exemplo, a ter uma ação mais incisiva no episódio da invasão de uma farmácia na Cracolândia. Uma vitrine que ele desperdiçou na avaliação de seu grupo político.

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O prefeito, por sua vez, responde com pesquisas internas que mostram o índice de aprovação de sua gestão na casa dos 52,7% e o colocam em segundo lugar nas pesquisas de intenção de votos, atrás de Boulos.

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