BRASÍLIA - Depois de trocar de nome, o Cidadania (antigo PPS) promoveu outra mudança interna para atrair parlamentares identificados com a "nova política". A sigla extinguiu a regra que obriga um deputado ou um senador a votar conforme a orientação do partido, o chamado "fechamento de questão", no jargão legislativo. A exclusão da norma foi feita sob medida para atrair a deputada Tabata Amaral (PDT-SP), punida no ano passado por contrariar sua atual legenda na reforma da Previdência.
A deputada foi uma entre oito integrantes do PDT na Câmara que votaram a favor da mudança nas regras de aposentadoria no País. Os parlamentares dissidentes viraram alvo de processo interno na Comissão de Ética do partido.

Desde então, Tabata, um dos nomes de maior destaque da nova geração de políticos na Câmara, tem pedido “mais democracia nos partidos”. “Não vou trabalhar para a criação de um novo partido, vou buscar um partido que respeite nossas ideias”, disse a deputada em outubro do ano passado, após a votação da reforma da Previdência.
“Nós saberemos contemplar quando alguém tiver uma divergência e isso não será motivo de sanções partidárias. É uma nova forma de se relacionar com o contraditório”, disse o novo líder do Cidadania na Câmara, Arnaldo Jardim (SP), em discurso que se encaixa com a declaração de Tabata.
O líder do Cidadania admite que acabar com o fechamento de questão é uma estratégia para atrair quadros como Tabata. “É para isso mesmo, mas não é apenas um caso nominal. Estamos dialogando com ela, com Felipe Rigoni (PSB-ES), Rodrigo Agostinho (PSB-SP) e com outros que seriam muito bem-vindos”, afirmou Jardim.
Outra mudança no Cidadania com o objetivo de atrair novos políticos é acabar com a reeleição de dirigentes. Todos os presidentes de diretórios regionais deverão deixar o cargo quando acabar o atual mandato. Em outubro, Tabata disse em entrevista ao Estadão/Broadcast que buscava um partido em que não houvesse “dirigentes partidário por décadas”.
Procurada pelo Estadão/Broadcast, Tabata disse ainda estar aguardando uma decisão da Justiça sobre o pedido que fez para deixar o PDT. “Então, não estou conversando com os outros partidos”, disse. A deputada entrou com ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para poder deixar a sigla atual sem correr o risco de perder o mandato. Isso porque, pela regra de fidelidade partidária, o mandato pertence ao partido e um deputados só pode trocar de legenda por justa causa, como por expulsão ou caso comprove estar sendo perseguido.
O Cidadania é um dos partidos cotados a abrigar uma possível candidatura do apresentador Luciano Huck para a corrida presidencial de 2022. “Se o Huck for candidato que seja pelo Cidadania”, afirmou Jardim.