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PF afirma que Cachoeira pagou propina para Incra regularizar fazenda

Escutas telefônicas apontaram que grupo do empresário teria pago R$ 200 mil para liberação de registro da propriedade

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO - Os grampos efetuados pela Polícia Federal e que estão servindo como provas contra o senador Demóstenes Torres (DEM) por ligações com o contraventor Carlos Cachoeira revelaram também que um grupo do empresário negociou propina no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para regularizar uma fazenda nos arredores de Brasília. A investigação mostra que haveria um repasse de R$ 200 mil para liberação do registro da propriedade, chamada Gama, segundo revelou nesta terça-feira, 3, o jornal Folha de S.Paulo.O relatório da operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal em novembro do ano passado, descreve como "veementes os indícios da corrupção de servidores públicos em troca das liberações e assinaturas necessárias para regularização da área". O nome do superintendente do Incra, Marco Aurélio Bezerra da Rocha, foi mencionado no relatório que o cita como envolvido com o grupo de Cachoeira. As gravações mostram que Cachoeira e o empresário Cláudio Abreu, ex-diretor de empresa suspeita de integrar a quadrilha, compraram, em 2010, cerca de 35% da fazenda por R$ 2 milhões. A PF considerou o preço baixo do cobrado no mercado e atribuiu a baixa à irregularidade do terreno. Ainda de acordo com a polícia, a finalidade da compra foi obter lucro com a revenda depois da regularização. "O motivo de negociar parte da área por valor tão baixo assenta-se no fato de 'quem' são as pessoas dos compradores e o que elas podem fazer para viabilizar a regularização da referida fazenda", revelou a PF. Para aPF,  a origem dos recursos é uma empresa usada pelo grupo de Cachoeira para lavagem de dinheiro. "O valor pago pelo grupo é irrisório acaso a área venha a ser registrada e regularizada", pontuou a polícia ao sublinhar o lucro potencial do negócio. A regularização da área dependia de um registro do Incra chamado de georreferenciamento. Ele foi realizado 8 dias após as negociações com a participação do dirigente do Incra no DF. Em gravação telefônica, Gelyb Cruz, braço direito de Cachoeira, disse que tinha informado o empresário do compromisso que teria sido assumido pela superintendência do Incra. "A gente tá com uma pessoa que pode estar alinhada, de peso (..), que é o superintendente do Incra", afirmou Cruz durante a gravação. Outro lado. O superintendente do Incra no DF, Marco Aurélio Bezerra da Rocha, rechaçou qualquer relação com o grupo de Cachoeira e disse que abrirá sindicância no órgão para apurar o caso. "Eles nunca foram atendidos no meu gabinete", defendeu-se.Rocha ratificou que registro foi concedido pelo Incra, mas disse que ele poderá ser cancelado. O Incra, antes, fará uma vistoria "in loco" na fazenda Gama para averiguar se a documentação da área teve despacho regular.

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