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Prefeito de Jundiaí pede menos retórica e mais diálogo de Lula com cidades

Machado, que está no fim de seu segundo mandato, criticou a intenção do Ministério da Fazenda de limitar a desoneração da folha de pagamento dos municípios a cidades com até 50 mil habitantes

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Foto do author Matheus de Souza
Por Daniel Galvão e Matheus de Souza (Broadcast)

O prefeito de Jundiaí (SP), Luiz Fernando Machado, que hoje integra os quadros do PL após ter sido filiado por 19 anos ao PSDB, afirmou, em entrevista exclusiva ao Papo com Editor, do Broadcast Político/Estadão, estar preocupado com a relação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com as prefeituras. O prefeito disse temer que o diálogo fique mais na retórica do que na prática.

Machado, que está no fim de seu segundo mandato, criticou a intenção do Ministério da Fazenda de limitar a desoneração da folha de pagamento dos municípios a cidades com até 50 mil habitantes - uma diminuição ante o projeto original, que beneficiaria localidades de até 156 mil moradores.

Luiz Fernando Machado, prefeito de Jundiaí, em entrevista ao Broadcast Político Foto: Reprodução/Broadcast TV

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O prefeito classificou a proposta como “Robin Hood”, metáfora para indicar que seriam tirados recursos dos municípios mais ricos para serem destinados aos mais pobres. “Hoje, o orçamento de um único hospital de alta complexidade em Jundiaí é de mais de R$ 300 milhões, e 80% desse custeio é dado pela própria cidade”, disse.

“Entendo que a relação (com o governo Lula) neste início é uma relação de diálogo. Ela só não pode ser uma relação retórica”, disse. O prefeito usou como exemplo uma viagem a Brasília, onde prefeitos tentaram articular com a administração federal uma repactuação de recursos da Educação. De acordo com Machado, “muito se foi dito, mas pouca coisa foi colocada em prática”. Isso, afirmou, já acende um alerta para outros temas, como a desoneração da folha e a consolidação da reforma tributária.

Relação de Lula com os evangélicos

O prefeito de Jundiaí comentou também a relação do governo Lula com os evangélicos. Para Machado, mesmo que o Poder Executivo federal consiga articular com líderes evangélicos no Congresso para avançar em pautas de interesse do grupo, continuará a encontrar dificuldades em se aproximar desta parcela da população. “Porque não dialoga sobre a base dos valores, dialoga sobre a base do pragmatismo da ação política versus o apoiamento futuro que receberá”, avaliou. Pesquisa Quaest divulgada no dia 6 mostra que, entre os evangélicos, o índice de reprovação do governo Lula chega a 62%.

Possibilidade de ida de Tarcísio para o PL

Próximo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, Machado é uma das lideranças do PL no Estado e se classifica como de centro-direita. Em junho de 2023, foi prestigiado por Tarcísio e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no ato de sua filiação ao PL, após ter passado 19 anos no PSDB. O prefeito afirmou ver com “muita alegria” o início do governo Tarcísio, que assumiu o Estado após quase 30 anos de domínio tucano.

Sobre a possibilidade de o governador deixar o Republicanos para embarcar no PL, Machado afirmou que teria “absoluta felicidade” em ser correligionário Tarcísio. Para o prefeito, Tarcísio é um grande quadro da política nacional. Mas a eventual decisão de sair do Republicanos e migrar para o PL é de “foro pessoal” de Tarcísio, disse. “Eu acho que ele terá o seu tempo para poder tomar a sua decisão, e a sua decisão, espero eu, que seja melhor para o Brasil, não somente para o partido”, afirmou.

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Construção do Trem Intercidades

Uma das apostas do governo de São Paulo na área de infraestrutura é o Trem Intercidades (TIC) que ligará a capital paulista a Campinas e terá uma parada em Jundiaí. Formado pelo Grupo Comporte e a chinesa CRRC, o consórcio C2 Mobilidade sobre Trilhos fez a única oferta no leilão da concessão de implementação da linha de trem expresso.

O prefeito afirmou esperar que a obra se reverta em qualidade de vida para a cidade. “Você percebe que grande parcela da riqueza do Estado de São Paulo do Brasil é produzida a partir desse raio de cem quilômetros da cidade de São Paulo, e isso vai gerar uma integração absoluta que eu espero que reverta em qualidade de vida”, declarou. Jundiaí fica a 50 minutos da capital paulista.

Machado prevê uma “transformação imobiliária” na cidade após a entrega da obra. “Eu entendo que a transformação imobiliária é aquela que mais vai chamar atenção, especialmente no fluxo da mobilidade, ao integrar regiões que são absolutamente desenvolvidas”.

O ‘Papo com Editor’, programa com personalidades da política no País, é conduzido por jornalistas do serviço de informação em tempo real do Grupo Estado. O vídeo está disponível para assinantes do terminal broadcast+ na ‘Broadcast TV’, em ‘Comentário Político’ e no Broadcast Político.

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