PUBLICIDADE

Repasses buscavam 'abrir portas', afirma Pessoa em delação

Empreiteiro, segundo documento obtido pelo 'Jornal Nacional', fez doações para 15 partidos e, em 2006, para Lula

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Novos documentos da delação premiada do empreiteiro da UTC Ricardo Pessoa revelados ontem pelo Jornal Nacional, da TV Globo, mostram que o delator admitiu ter feito repasses legais e ilegais para 15 partidos e que as doações eleitorais de sua empresa visavam "abrir portas" no Congresso e em todos os órgãos públicos. Dentre os repasses, segundo a reportagem, o delator admitiu ter entregue R$ 2,4 milhões em espécie para a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006, mas admitiu não saber se o petista tinha conhecimento de que o dinheiro era ilegal. Segundo Pessoa, ele se reuniu sete vezes com Lula.Além disso, Pessoa admitiu que fez repasses de cerca de R$ 3 milhões para a empresa JD Assessoria, de José Dirceu, mesmo depois que o ex-ministro foi preso no julgamento do mensalão "apenas e tão somente em razão de se tratar de José Dirceu e de sua grande influência no Partido dos Trabalhadores". Na lista apresentada pelo executivo aos investigadores estão os principais partidos da base aliada e também da oposição: DEM, PMDB,PP, PPS, PR, PSC, PSDB, PC do B, PV, PDT, PTB e até o nanico PRTB. Segundo a reportagem, contudo, a lista não distingue o que é dinheiro de doação oficial e o que é recurso de propina.O material também revela novos nomes de políticos que ainda não tinham aparecido até então, como o do deputado cassado Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão e que, segundo Pessoa, teria recebido R$ 200 mil "por fora" para "manter a porta aberta no PR". Outro nome que aparece nos documentos é o do filho de Dirceu, o deputado Zeca Dirceu (PT-SP) que, segundo o delator, recebeu R$ 100 mil da empresa após um pedido de Dirceu para Pessoa.Outra planilha revelada pela reportagem descrita como "controle conta corrente Vaccari" indica, segundo o delator, o valor que o ex-tesoureiro teria retirado de uma conta da UTC "em decorrência das obras com a Petrobrás" no valor de R$ 3,9 milhões. Um outro documento mostra repasses da empreiteira para o PT de maio de 2006 a junho de 2014, no total de R$ 16,6 bilhões. Defesas. A defesa de Vaccari disse que fazia parte das atribuições dele pedir dinheiro para o partido, mas que os pedidos eram sempre para doações legais. Valdemar não quis se manifestar. PT e PP informaram que só receberam doações legais e declaradas à Justiça Eleitoral. A defesa de Dirceu negou que o ex-ministro tenha recebido pagamentos ilícitos e que tenha pedido doação para o filho do ex-ministro. A assessoria de Lula diz que não tem conhecimento dos dados citados, considera que houve "vazamento seletivo" e talvez ilegal e que não vai se manifestar.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.