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Reunião do PDT no Ceará tem bate-boca por disputa entre Ciro e Cid Gomes, que ameaça deixar sigla

Executiva nacional do partido abriu processo de intervenção no diretório estadual após enfrentamento entre os irmãos Gomes

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Foto do author Samuel Lima
Por Samuel Lima
Atualização:

A executiva nacional do PDT abriu processo de intervenção no diretório estadual da sigla no Ceará após uma reunião acalorada nesta sexta-feira, 27, com direito a bate-boca e troca de ofensas entre o senador Cid Gomes e o seu irmão Ciro Gomes. Cid tenta assumir o controle do PDT no Estado contra o deputado federal André Figueiredo, mas enfrenta resistência de uma ala do partido defende oposição ao PT e da qual Ciro faz parte.

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A reunião desta sexta-feira foi fechada para a imprensa, mas há relatos de bate-boca entre os seus membros, incluindo os irmãos Ferreira Gomes. Destituído do cargo, Cid alegou ao jornal Folha de S. Paulo que considera a decisão do PDT “arbitrária” e um “convite para deixar o partido”. Ele já vinha dando sinais a aliados no Congresso de que poderia estar de saída.

O deputado André Figueiredo, rival de Cid Gomes, confirmou as informações ao Estadão, dizendo que foi uma “reunião para se esquecer” onde “animosidades familiares vieram à tona”. Segundo o deputado, o PDT precisou tomar uma decisão dura e necessária diante de “divergências insanáveis” entre alas do partido no Ceará. Ele considera pouco provável que o partido consiga se unir novamente com o senador no partido.

O comando da sigla no Ceará é estratégico para construir alianças de olho nas eleições municipais de 2024. Os ânimos se acirram, principalmente, com a disputa por Fortaleza. Aliado do prefeito José Sarto (PDT), Figueiredo defende a sua reeleição, enquanto a outros consideram alternativas. “Existe um grupo interno do PDT que não aceita a reeleição do prefeito. Quando se questiona até mesmo a sua viabilidade eleitoral, é lógico que complica bastante a situação dele, e isso aconteceu diversas vezes”, disse o deputado.

Em junho, Cid Gomes e André Figueiredo selaram um acordo de paz, com o deputado pedindo licença do cargo e entregando provisoriamente a função ao senador até novembro. O acordo não chegou ao fim após novos desentendimentos. Um deles envolveu o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão (PDT), que vinha se colocando como opção para as eleições na capital.

Em agosto, sob o comando de Cid Gomes, o diretório estadual entregou uma carta de anuência para que Leitão pudesse deixar a sigla sem perder o mandato. A validade do documento foi contestada pela executiva nacional do PDT. Ao Estadão, Figueiredo afirmou ser “inadmissível” que uma parte do partido viabilize a candidatura de Leitão por outro partido contra o prefeito do PDT.

Outro foco de discussão envolveu a possibilidade de a bancada estadual do PDT aderir oficialmente à base aliada de Elmano de Freitas (PT). De volta ao comando estadual da sigla em outubro, Figueiredo viu a Justiça autorizar a realização de eleições internas convocadas pelo grupo de Cid para 16 de outubro e na qual o senador saiu vitorioso. A oposição, então, judicializou o caso, alegando que prazos não foram devidamente cumpridos.

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Rusga antiga

O “racha” do PDT no Ceará tem origem nas eleições de 2022, quando o partido decidiu lançar o ex-prefeito de Salvador, Roberto Cláudio (PDT) à disputa pelo governo do Estado. Foi uma vitória do grupo de Ciro Gomes que custou uma aliança de 16 anos com o PT, simpático à candidatura de Izolda Cela. Ex-governadora do Ceará, ela havia assumido o cargo com a saída de Camilo Santana (PT) para a disputa do Senado. Quem venceu foi o candidato petista, Elmano de Freitas, com Roberto Cláudio em terceiro.

Após as eleições, o PDT entrou num acordo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no plano federal, com o presidente nacional da sigla, Carlos Lupi, ocupando o Ministério da Previdência. No Ceará, a maioria dos deputados votam com o governo, mas a adesão do partido não foi oficializada, justamente pela resistência do grupo ligado a Roberto Cláudio e Ciro Gomes, que preferem assumir oposição aos governos petistas.

O Estadão procurou Cid Gomes e Ciro Gomes, mas eles não foram localizados.

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