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Opinião|Influenciadores não ficaram inertes na tragédia do Sul, ao contrário de grande parte dos políticos

Ao contrário de uma grande parte dos agentes públicos, influenciadores de renome não ficaram inertes e se mobilizaram para fazer e estimular doações, propor soluções e trazer alguma ordem para a situação caótica

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Atualização:

No meio da crise que assola o Rio Grande do Sul, uma frase simples, mas impactante, se destacou em um debate que os internautas promoviam no X, a respeito da tragédia: “influenciadores estão agindo como gestores públicos e vice-versa”.

A opinião ilustra bem a dinâmica atual, onde alguns políticos buscam os holofotes, enquanto verdadeiros influenciadores se mobilizam para angariar recursos e materiais, em auxílio às vítimas.

Mulher carrega cachorro em área afetada pelas enchentes em Porto Alegre Foto: Carlos Macedo/AP

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A discussão se estendeu por centenas de posts, com muitos gaúchos relatando a dificuldade geral das pessoas em perceber a extensão da tragédia, e a falta de planejamento, por parte das autoridades, para prevenir e lidar com problemas dessa magnitude.

Muitos destacaram que, ao contrário de uma grande parte dos agentes públicos, influenciadores de renome não ficaram inertes e se mobilizaram para fazer e estimular doações, propor soluções e trazer alguma ordem para a situação caótica.

Os maiores YouTubers do Brasil, Whindersson Nunes e Felipe Neto, conseguiram arrecadar mais de R$ 5 milhões, em um tempo recorde. Whindersson chegou a disponibilizar links de internet para poder se comunicar com colaboradores que se encontram no Sul. Felipe Neto foi rápido em buscar purificadores de água para matar a sede das pessoas.

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A atitude deles é louvável, não apenas pelas ações, mas, sobretudo, pelo exemplo. Ao se envolverem, demonstraram plena empatia e estimularam outros a fazerem o mesmo, e a deixarem a zona de conforto. Cobraram, explicitamente, o envolvimento de quem tem condições de ajudar, e as respostas vieram.

A mobilização tem crescido e envolvido outras personalidades, como Neymar, Vini Jr., Gusttavo Lima, Gisele Bündchen, Anitta, entre outros.

O surfista e ex-BBB Pedro Scooby reuniu nomes do surf e o grupo se dirigiu aos pontos de inundação para ajudar nos resgates, transmitindo a solidariedade em suas redes e mostrando o que o Brasil tem de melhor.

Com esses atos, os brasileiros se reencontram no espírito de compaixão do povo e os políticos que se focam sempre no conflito pelo conflito acabam sendo desmascarados, seja na hipocrisia, seja na tentativa de se mostrar envolvido sem nem mesmo colocar o pé na água, ou promover atos realmente de relevo.

Neste momento, que parece ser um divisor de águas, sobreviverá o político que realmente se mostrou útil, resolutivo, que abandonou a ambição por cargos e o monofoco eleitoral para realmente trabalhar pelas pessoas.

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Há um cansaço geral por conta das brigas políticas e, quando uma catástrofe assim ocorre, a população percebe que está muito desamparada e que pode estar brigando por lideranças que não merecem tanta devoção.

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Em episódios tristes como o que o Sul está vivendo, as artérias da política são abertas e vê-se um grande nada, uma infinidade de projetos inúteis e a falta de responsabilidade em ações preventivas, de preservação e recuperação ambiental, e de responsabilidade social.

Que o exemplo dos influencers seja válido também para os lacradores de plantão da política, cheios de insultos, de verborragias, mas vazios de humanidade e perdidos em suas ambições pessoais do poder pelo poder.

O verdadeiro sentido da democracia, cunhado ainda na Grécia Antiga, diz respeito ao que as atuais gerações deixarão para as que virão. Certamente, plantar sementes de ódio não dará boas colheitas. As personalidades que, independentemente de inclinações políticas, se uniram no intuito de ajudar são um bálsamo que o Brasil há muito precisava. A eles e a todos que têm ajudado, temos que dizer: muito obrigado.

Opinião por Sergio Denicoli

Autor do livro TV digital: sistemas, conceitos e tecnologias, Sergio Denicoli é pós-doutor pela Universidade do Minho e pela Universidade Federal Fluminense. Foi repórter da Rádio CBN Vitória, da TV Gazeta (Globo-ES), e colunista do jornal A Gazeta. Atualmente, é CEO da AP Exata e cientista de dados.

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