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Tarcísio ou Haddad: quem ganhou o debate na Band para o governo de SP? Analistas respondem

Candidatos privilegiaram temas nacionais no primeiro confronto no segundo turno

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Por Redação
Atualização:

O debate da Band TV com os candidatos ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) virou uma extensão da disputa presidencial. Discussões relacionadas à economia, política armamentista, pandemia de covid-19 e orçamento secreto estiveram presentes no confronto realizado na noite desta segunda-feira, 10, na sede da emissora em São Paulo.

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Para analistas ouvidos pelo Estadão, Haddad focou suas críticas no presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), padrinho político de Tarcísio. O desempenho de Haddad e Tarcísio na disputa pelo governo tem importância significativa para o confronto entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Bolsonaro - o Estado é o maior colégio eleitoral do País. Na visão dos especialistas, Tarcísio conseguiu expor bem suas propostas.

Em geral, todos concordaram que o formato do debate, marcado pela liberdade que os candidatos tiveram em caminhar pelo palco, favoreceu o confronto de ideias.

Mariana Carneiro: Em debate que acertou no formato, Haddad se sai melhor ao colar defeitos de Bolsonaro em Tarcísio

A Band acertou o formato e finalmente foi possível assistir a um confronto de ideias nesta eleição. Fernando Haddad (PT) tentou e conseguiu colar debilidades de Jair Bolsonaro no rival Tarcísio de Freitas (Republicanos). Boa parte da discussão girou em torno do orçamento secreto, a captura do governo pelo Centrão, inflação e até desmatamento da Amazônia.

Tarcísio, por seu turno, acabou falando mais à bolha bolsonarista, quando defendeu a retirada das câmeras das fardas de policiais e a promoção para as forças de segurança. Sem qualquer embasamento, arriscou-se a dizer que as câmeras inibem os policiais, que por isso renderiam menos em serviço.

Ainda que tenha conseguido introduzir boas propostas, como o investimento em tecnologia no mapeamento da criminalidade e na defesa do investimento privado, o candidato de Bolsonaro tropeçou quando questionado sobre as falhas do presidente na compra de vacinas e no enfrentamento da pandemia. A maior debilidade de Tarcísio neste debate foi, portanto, Bolsonaro.

A análise é da editora da Coluna do Estadão, Mariana Carneiro.

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Rafael Cortez: Debate entre Tarcísio e Haddad vinculou campanha estadual ao cenário presidencial

A eleição para o governo de São Paulo entre seus protagonistas trouxe, grosso modo, dois tipos de candidaturas: o primeiro deles apresentavam campanhas nacionalizadas, vinculando o projeto local aos temas presentes na corrida presidencial; o segundo tipo de projeto pregava a independência do projeto, defendendo um olhar para além da polarização nacional.

Leia a análise completa.

Álvaro Guedes: Haddad ganhou debate marcado pela ‘coordialidade e respeito’

Para o professor Álvaro Guedes, especialista em administração pública da Unesp, Fernando Haddad foi o vencedor do debate por conta da “pela capacidade de bem articular suas ideias.” Enquanto isso, para o professor, Tarcísio de Freitas não conseguiu expressar com clareza suas habilidades técnicas e escondeu, em alguns momentos, sua relação direta com o presidente Jair Bolsonaro, diferente do que fez o ex-prefeito de São Paulo, que fez questão de mostrar seu vínculo com Lula. “Foi um debate de bom nível, onde deu para perceber as diferenças entre os dois candidatos”, concluiu.

Formato do debate da Band, marcado pela liberdade que os candidatos tiveram em caminhar pelo palco, favoreceu o confronto de ideias. Foto: Alex Silva/Estadão

José Álvaro Moisés: Tarcísio dá pouco destaque para orçamento e responde mal a críticas

Para José Álvaro Moisés, professor sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP, o ponto alto do debate foi a discussão sobre orçamento público. Segundo ele, Tarcísio de Freitas “mencionou muitos projetos e obras, mais do que Haddad, mas não indicou de onde vai sair o dinheiro para tudo”. Segundo ele, o candidato do Republicanos ainda respondeu mal às críticas do petista sobre o fato de vários itens não terem cobertura do orçamento federal, por conta da utilização do orçamento secreto.

Eduardo Grin: Apesar de vencer debate, Haddad pode não reverter votos de Tarcísio

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Para Eduardo Grin, cientista político e professor da FGV, Fernando Haddad se saiu como vencedor do dabate na Band, que foi marcado por surpresas positivas com relação ao formato adotado. Segundo ele, a discussão “deixou muito claro para a sociedade paulista dois projetos antagônicos”, em referência aos programas de governo dos dois candidatos. Enquanto o petista se saiu bem na comunicação de suas ideias e fez críticas bem colocadas com relação ao orçamento secreto, por exemplo, Tarcísio, segundo ele, se destacou ao mencionar temas caros ao eleitorado conservador, como segurança pública, desburocratização do Estado e o papel da iniciativa privada na economia.

O professor, porém, pontua que, dada a diferença de votos entre os dois candidatos, o melhor desempenho no debate pode não ser tão efetivo para o petista. “Mesmo que Haddad tenha sido vitorioso no debate, tenho dúvidas se ele conseguiu reverter votos que já estão com Tarcísio”, afirmou.

Aldo Fornazieri: Debate equilibrado

Para Aldo Fornazieri, professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, o encontro foi marcado por uma discussão de alto nível, que pode ser atribuída ao “formato inovador do debate”. Segundo ele, pode-se dizer que Fernando Haddad se destacou por atacar temas referentes ao orçamento, enquanto Tarcísio de Freitas teve dificuldades de falar sobre o assunto. “Mas, de modo geral, o debate foi equilibrado”, analisou.

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“Em alguns temas, a exemplo do transporte público e da educação, houve mais convergências do que divergências”, afirmou. O professor destaca que Haddad atacou mais Bolsonaro do que Tarcísio a Lula e que a maior divergência entre os candidatos ocorreu durante discussão sobre o tratamento às estatais, como a Sabesp. “Tarcísio foi claramente mais privatista e Haddad afirmou que não é contra as parcerias público-privadas, mas que prefere manter o controle acionário nas mãos do poder público”, avaliou.

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