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Valdemar Costa Neto defende Flávia Arruda: ‘Centrão não quer saída dela’

Presidente nacional do PL diz que ‘o pessoal fica muito valente’ quando Bolsonaro não está em Brasília

Foto do author Iander Porcella
Por Iander Porcella (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA — Alvo de uma tentativa de "fritura" por parte de uma ala do Centrão, a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda (PL), foi defendida nesta quarta-feira, 5, pelo presidente nacional do seu partido, o ex-deputado Valdemar Costa Neto. Em vídeo divulgado a filiados da sigla, Valdemar afirmou que "o pessoal fica muito valente" quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) não está em Brasília, em referência à internação do presidente em hospital de São Paulo.

Flávia tem sido alvo de críticas de aliados do governo nos bastidores por supostamente não ter cumprido promessas de liberação de verbas a parlamentares do Centrão. Correligionária do presidente Jair Bolsonaro, ela é a responsável pela articulação política do Palácio do Planalto com o Congresso.

De acordo com o presidente nacional do PL, o ex-deputado Valdemar Costa Neto,a fritura de Flávia Arruda não vem da maioria do Centrão e defendeu resolver as insatisfações internamente. Foto: Leonardo Prado/Câmara dos Deputados

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"O Centrão não quer a saída da Flávia, porque não vi nenhuma manifestação do Arthur Lira (presidente da Câmara), do Ciro Nogueira (ministro da Casa Civil), nossa. Pelo contrário, nós queremos que a Flávia continue, porque a Flávia fez o que pode fazer. Dinheiro vai faltar sempre", disse Valdemar, em vídeo divulgado pelo PL. "Não seria o momento de nós partirmos para uma discussão pública. Isso ficou de maneira deselegante colocado", afirmou. De acordo com Valdemar, a fritura de Flávia Arruda não vem da maioria do Centrão e defendeu resolver as insatisfações internamente. "Eu espero agora, com a volta do Bolsonaro, que o pessoal perca um pouco a valentia."

Bolsonaro e líder do governo também defendem Flávia Arruda

Em uma entrevista coletiva de imprensa hoje, após receber alta no Hospital Vila Nova Star, onde estava internado desde a segunda-feira, 3, Bolsonaro também saiu em defesa da ministra. "A indicação da Flávia Arruda foi minha", declarou o chefe do Executivo. "Ninguém ligou para mim. Ninguém pede cabeça de ministro como acontecia no passado", acrescentou. O presidente disse ainda que não a nomeou para o cargo por ser mulher, mas pela competência.

Bolsonaro também afirmou que "desconhece" o que Flávia teria feito de errado para que a demissão dela fosse pedida. "Se, porventura, [ela] estiver errando, como já aconteceu, acontece, eu chamo e converso com ela. Ela não será demitida jamais pela imprensa", criticou.

Ao Estadão/Broadcast, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), afastou a possibilidade de demissão da ministra. "Ela está firme e eventual problema de execução de recursos será atendido este ano", disse Barros. "As coisas se ajustam com o tempo", acrescentou o deputado, ao ser questionado se estava conversando com integrantes do Centrão para resolver as insatisfações.

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Barros negou ainda que o governo possa antecipar a reforma ministerial esperada para março ou início de abril por causa da fritura de Flávia Arruda. O parlamentar, contudo, disse que a data exata da troca no comando dos ministérios ainda não está definida. Muitos ministros devem deixar seus cargos neste ano para concorrer nas eleições. A ministra da Secretaria de Governo, por exemplo, é cotada para disputar uma vaga no Senado.

Sob condição de anonimato, um líder partidário na Câmara confirmou ao Estadão/Broadcast que há "ruídos" nos bastidores a respeito da atuação de Flávia Arruda. Esse parlamentar ouviu de colegas que a ministra "não teria cumprido algumas promessas".

No começo de dezembro, a ministra foi alvo de xingamentos e palavrões proferidos ao telefone pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM). O parlamentar cobrava a liberação de uma emenda prometida pelo governo. Na ocasião, a Secretaria da Mulher, órgão representativo da bancada feminina na Câmara, manifestou repúdio às declarações de Braga, que lamentou o ocorrido e disse não ter tido intenção de ofender a ministra.

Flávia Arruda assumiu o comando da Secretaria de Governo em março do ano passado, quando Bolsonaro promoveu seis trocas na Esplanada dos Ministérios. A deputada, apoiada na época pelo Centrão, substituiu Luiz Eduardo Ramos, que foi para a chefia da Casa Civil. Hoje a Casa Civil é comandada pelo senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI).

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