A rigor, havia. O Datafolha foi a campo nestas quinta e sexta-feiras. Mas, se houve efeito pró-Marina, ele deve ter sido residual. A maior parte das entrevistas costuma ser feita no primeiro dia de pesquisa, e o restante, na manhã do segundo dia. O pico da repercussão das declarações da presidenciável do PV ocorreu no final da manhã e começo da tarde de sexta.
Tudo indica que a coincidência de datas de pesquisa e entrevistas foi acidental. As entrevistas foram marcadas antes da divulgação de que a pesquisa seria feita (via site do TSE). Sempre haverá alguém levantando uma teoria da conspiração, assim como sempre haverá um evento interferindo na pesquisa.
Se o levantamento mais recente do Ibope tivesse sido feito uma semana depois, Ciro Gomes talvez tivesse tido um resultado melhor porque teria a seu favor a atuação no programa do PSB no horário político da TV. A pesquisa Datafolha deve captar o efeito (se houver) da aclamação de Dilma Rousseff como candidata a presidente durante o congresso do PT. Isso é do jogo e é inevitável.
Nem toda interferência é casual, porém. Já houve casos de candidatos que montaram forças-tarefa de cabos-eleitorais para tentar influenciar pesquisas feitas em pontos de fluxo. Eles circularam próximo aos pesquisadores para inflar o resultado de seus patrões. Os institutos têm meios de detectar essa artimanha, comparando com resultados históricos e checando parte da amostra. Mas como é melhor prevenir, o Datafolha só informa ao TSE as cidades onde a pesquisa é feita depois de o campo ter sido concluído...